Donald Trump considera que “a NATO do futuro deve ter focar-se no [combate ao] terrorismo e na imigração” e devem estar particularmente atenta às “ameaças da Rússia e às [ameaças vindas das fronteiras da NATO a este e a sul”. No arranque do encontro entre os líderes dos Estados que integram a aliança de segurança transatlântica, o presidente dos EUA recordou aos chefes de Estado e de Governo as suas responsabilidades de contribuição para a organização militar. Uma contribuição financeira de “2% [do PIB] é o mínimo para enfrentarmos as ameaças atuais”.

Com o norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, ao seu lado no palanque, Trump começou por lembrar as 22 vítimas mortais do ataque desta segunda-feira à noite, em Manchester. “Meninas e jovens” que perderam na vida na sequência do rebentamento de uma bomba, num ataque já reivindicado pelo Estado Islâmico.

Deve ser essa “ameaça comum” — o terrorismo — o elo de ligação entre todos os países NATO, mas não só. Acabado de sair de “encontro sem precedentes” com líderes de dezenas de países muçulmanos, Donald Trump diz ter recebido garantias de que todos “concordaram parar de financiar a ideologia radical que leva a este terrorismo horrível em todo o mundo”. O presidente dos EUA deixou a Arábia Saudita com uma fé restaurada na ideia de que “todos os credos se possam unir para derrotar o terrorismo, uma ameaça a comum a toda a humanidade”.

Mas esse combate não se faz sem meios. E esse tem sido a nota comum nas várias intervenções que Trump tem feito a respeito da NATO. No encontro magno da organização, o norte-americano aproveitou para dar o puxão de orelhas olhos nos olhos. “23 das 28 nações [membro da organização] não pagam o que deviam pela sua defesa” e “isto não é justo para as pessoas e contribuintes dos EUA”.

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A situação não é de agora. “Muitas destas nações devem muito dinheiro de anos passados”, diz Trump, lembrando que, nos últimos oito anos, “os EUA gastaram mais em defesa que todos os países da NATO juntos”. Se as contribuições tivessem sido equilibradas, haveria “mais 119 mil milhões de dólares para a defesa coletiva e para o financiamento de reservas adicionais da NATO”.

“2% é o mínimo para enfrentarmos ameaças atuais”, diz Trump sobre as contribuições que cada Estado deve fazer para financiar a atividade da NATO.

Terrorismo, mas não só. Num momento em que Trump está sob os holofotes pelas alegadas relações de membros da sua campanha a altos oficiais de Moscovo, havendo confirmações dos serviços de segurança de que houve partilha de informação sensível com as autoridades russas, Trump chega a Bruxelas com uma mensagem nova: “A NATO do futuro deve focar-se no [combate ao] terrorismo e na imigração”, bem como às “ameaças da Rússia” e às ameaças vindas das “fronteiras da NATO a este e a sul”.

O tom em relação à Rússia é diferente daquele que Trump revelava nos primeiros momentos do seu mandato. Na primeira conferência de imprensa que deu dias antes de tomar posse. A meio de janeiro, o então futuro presidente norte-americano dizia: “Se Putin gosta de mim, considero isso uma mais-valia, não uma desvantagem”.