1+1=2? A matemática no futebol é cheia de artimanhas e o que hoje é verdade amanhã é mentira. Mas a verdade, insofismável, é que Ederson se despediu, com um aceno de luva, dos adeptos do Benfica no Jamor. Não foi um agradecimento como tantos mais; foi uma despedida. Mais: no final, ficaria ele, Ederson, com a bola da jogo, guardando-a dentro da camisola, quer durante os festejos no relvado, quer depois, quando subiu à tribuna presidencial para receber a Taça de Portugal.

Curiosamente, também contra o Vitória de Guimarães, mas no jogo que confirmaria o Benfica como vencedor do campeonato, Ederson guardou para si a bola do jogo, como que recolhendo objetos para um dia recordar a sua passagem (e títulos) pelo Benfica.

O destino pode ser o Manchester City de Pep Guardiola, embora outros clubes, do Barcelona ao Real Madrid, tenham observado o guarda-redes do Benfica ao longo da época. Certo é que a exibição do brasileiro contra o Dortmund na Liga dos Campeões foi o tira-teimas para os olheiros, que deixariam de ter dúvidas: o “cara” é o cara. Quanto ao City, é certo e sabido que Guardiola precisa de um guarda-redes. Cláudio Bravo, contratado ao Barcelona no Verão, não convenceu. E foi Willy Caballero quem assumiu a baliza na maior parte dos jogos esta época. Mas Caballero está de saída do City (Bravo também não é certo que por lá continue) e a vaga será para um guarda-redes de topo. Um guarda-redes bom de pés, como Guardiola aprecia. E poucos há no futebol europeu tão bons como Ederson nesse particular.

Preço? A cláusula de rescisão de Ederson está cifrada nos sessenta milhões de euros. E é sabido que Jorge Mendes, o empresário do jogador, esteve reunido este mês, no Mónaco, com Luís Filipe Vieira.

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O próprio Ederson, no final da Taça de Portugal, confirmaria o que muitos suspeitavam: “Sim, provavelmente foi o meu último jogo [no Benfica]…” E nem mais uma palavra sobre o assunto diria. O problema para o Benfica — receber uma “batelada” de milhões de euros não é certamente um — é que Ederson não irá sozinho. Júlio César também está de saída. “Faltava este título para fechar um ciclo aqui em Portugal.” Tal como Ederson, nem uma palavrinha mais de Júlio César (mais inigmático no discurso do que Ederson, é certo) se escutou sobre a saída.

E agora? Agora, segue-se André Moreira, suplente de Oblak no Atlético de Madrid — e também ele, tal como Ederson, agenciado por Jorge Mendes e a Gestifute. As relações entre o Benfica e Mendes, bem como entre o Benfica e o Atlético, vão certamente facilitar o negócio e o preço vai ser “de amigo”. O outro guarda-redes em quem o Benfica tem interesse é igualmente português: Joel Pereira, do Manchester United. Mas dele José Mourinho até já disse: “Será o melhor guarda-redes português da próxima geração”. E não é provável, mais a mais com David de Gea a ser cobiçado pelo Real Madrid, que Mourinho queira perder Joel.

O mercado “ainda é uma criança” e o Verão trará certamente um substituto para Ederson. Tão bom quanto ele é que será difícil.