O julgamento das duas mulheres suspeitas de terem matado o meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong Un no aeroporto de Kuala Lumpur vai começar esta terça-feira. Segundo a lei da Malásia, ambas arriscam ser condenadas à pena de morte pelo homicídio de Kim Jong Nam.

As duas suspeitas de matarem o meio-irmão do líder da Coreia Norte em fevereiro deste ano são Siti Aisyah, uma indonésia de 25 anos, e Doan Thi Huong, uma vietnamita de 28 anos. Ambas são suspeitas de terem usado um lenço impregnado com VX, um gás letal que mata em poucas horas. Um dos elementos mais fortes que as autoridades têm na sua posse são as imagens de vigilância do aeroporto de Kuala Lumpur. Nelas, Siti Aisyah e Doan Thi Huong foram vistas a agarrar o meio-irmão de Kim Jong Un e a colocarem-lhe um pano à frente da cara.

As autoridades malaias acreditam que as duas mulheres estavam a agir sob diretivas de espiões norte-coreanos, que estariam naquela zona do aeroporto e que mais tarde embarcaram em voos para destinos diferentes.

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De acordo com a BBC, as autoridades malaias pensam ainda que as duas mulheres treinaram a manobra que terão usado para matar Kim Jong Un em centros comerciais e acreditam que isso implica que sabiam o que estavam a fazer e as consequências que aquele gesto podia ter. Outro elemento é o facto de as duas terem ido lavar as mãos após o incidente.

À BBC, familiares e conhecidos das duas suspeitas traçaram perfis positivos. Da vietnamita Doan Thi Huong, que apesar de ter nascido no meio rural chegou a participar na versão nacional do programa “Ídolos”, o irmão mais velho disse à BBC que “ela não tem muito dinheiro mas nunca roubaria sequer um palito a ninguém”. Quanto à indonésia Siti Aisyah, também ela proveniente de uma região agrícola, os pais disseram aos media locais que a sua filha é “trabalhadora e determinada”.

Ambas são imigrantes na Malásia.

Antes de ser morto, o meio-irmão de Kim Jong Un estava com “medo” e “paranóico”

Em fevereiro, pouco mais de uma semana da morte de Kim Jong Nam, um amigo seu disse ao The Guardian que “ele tinha medo”. “Não era um medo avassalador, mas ele estava paranóico”, disse o amigo de infância, que estudou com ele num colégio privado em Genebra, na Suíça. “Ele era uma pessoa politicamente importante. Ele estava preocupado. Claro que estava preocupado.”