A temperatura nas cidades mais populosas do mundo poderá aumentar até oito graus centígrados (8°C) até 2100, segundo um estudo publicado hoje numa reconhecida revista científica. Esta projeção tem como base um cenário de crescimento contínuo das emissões de gases com efeito de estufa ao longo do corrente século.

De acordo com o estudo, publicado na revista científica de referência internacional Nature Climate Change, o aumento da temperatura terá como principais responsáveis o aquecimento global e o efeito “ilhas de calor urbano”, gerado pelo desaparecimento de zonas verdes a favor do aumento do betão e do asfalto.

Do aumento de temperatura projetado, cerca de 5°C são atribuídos ao aquecimento global e os restantes graus ao efeito “ilhas de calor urbano”. São estas “ilhas” que tornam as cidades mais quentes do que os seus arredores e que acentuam, por exemplo, as vagas de calor e as respetivas consequências, nomeadamente um maior gasto de energia para baixar a temperatura dos edifícios.

Cerca de 5% das cidades mais populosas do mundo “poderão registar um aumento de temperatura de 8°C e mais”, disse, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, Francisco Estrada, do Instituto de Estudos Ambientais (Holanda), um dos coautores do estudo. Os investigadores, que estudaram uma amostra de 1.692 cidades, também estimaram os custos deste cenário para as zonas metropolitanas.

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Uma cidade classificada com uma dimensão mediana poderá perder o equivalente a 1,4% e 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) por ano até 2050, e entre 2,3% e 5,6% até 2100, de acordo com a investigação. “Para uma cidade mais afetada, as perdas poderão atingir os 10,9% do PIB até 2100”, estimou a equipa de investigadores, que aponta medidas para combater o efeito “ilhas de calor urbano”, nomeadamente plantar mais árvores e criar zonas com vegetação em telhados e passeios.

As cidades representam 1% da superfície do planeta, mas consumem cerca de 78% da energia mundial e produzem mais de 60% das emissões de gases com efeito de estufa provenientes de combustíveis fósseis (gás, carvão, petróleo), segundo frisou a equipa de investigadores.

Em 2015, os 195 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovaram em Paris um acordo para limitar o aumento da temperatura do planeta em até 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.