Please, take me there.
I’ll be strong again, just like Superman.
So please take me there.

Este é o refrão da nova música de Luísa Sobral, “Please Take Me There”, lançada esta terça-feira como parte da campanha da The Amélia Project Foundation, ONG internacional que se dedica a apoiar crianças com cancro na Birmânia que não têm possibilidade de ir a um hospital para se curarem. A cantora compôs o tema numa noite, quando aderiu à campanha 24 horas — no início de abril, dezenas de figuras públicas portuguesas passaram uma noite no aeroporto de Lisboa como forma de chamar a atenção para a necessidade de financiar o transporte das crianças que necessitam de tratamento hospitalar naquele país asiático –, e gravou a canção no dia antes de partir para Kiev, para o Festival da Canção.

Please take me there - Luísa Sobral

“A Luísa aceitou o nosso convite ainda antes de arrancarmos com a segunda edição do 24 Horas, este é o segundo ano que fazemos a iniciativa no aeroporto. E logo nesse dia pediu-nos se era possível levar uma guitarra para o aeroporto. Nós sabíamos que as medidas de segurança do espaço interior do aeroporto são apertadas, mas tratámos de pedir autorização e foi aceite. E lá foi a Luísa de guitarra às costas passar 24 horas no aeroporto de Lisboa”, lembra ao Observador o fundador da The Amélia Project Foundation.

Por ter um concerto às 21h30 naquele dia, Luísa Sobral não teve oportunidade de fazer o mesmo horário que outros atores e músicos. Em vez de ficar entre as 20h de um dia e as 20h do dia seguinte, a cantora chegou às 11h do dia 7 de abril ao aeroporto. “Isso deu-me oportunidade de passar o dia com ela”, recorda Fernando Pinho, que esteve dois meses na Birmânia e contou “em detalhe a vida daquelas crianças e os desafios que atravessam diariamente”. O relato deixou Luísa Sobral “bastante sensibilizada”, explica o responsável da ONG.

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“Eram para aí 23h quando eu deixei a Luísa no aeroporto. Quando lá regressei no dia seguinte, ela vira-se para mim e diz: ‘Olha, senta-te aqui’. E começou a tocar esta música. Tinha-a composto durante a noite“, lembra Fernando. “Obviamente, na altura fiquei muito emocionado. Eu via estas crianças todos os dias, é o meu trabalho. E de repente a Luísa consegue pôr em dois minutos o sofrimento destas crianças, mas também o otimismo com que eu encaro este projeto”, detalha. Isto porque “nesta organização procuramos ser alegres, as nossas campanhas não são campanhas tristes, não mostramos crianças a morrer”.

Música vira hino

“Dá-me umas semanas e gravo isto”, disse Luísa Sobral a Fernando Pinho. “E no dia antes de ir para Kiev ela vai para estúdio e grava a música“, recorda o responsável da ONG, sublinhando que ainda foi preciso terminar a mistura e gravar alguns instrumentos adicionais antes da divulgação da canção. “As pessoas que fazem os coros na música são as duas pessoas que estavam com ela naquela noite, o David Salvado e a Joana Brito Silva, dois atores que estiveram lá naquela noite”, acrescenta Fernando Pinho, que garante que a cantora “está muito interessada no trabalho que temos vindo a fazer”.

A música vai passar a ser o hino da organização e a ser usada nas campanhas da organização, que desde 2015 apoia diretamente os casos mais urgentes de crianças com cancro na Birmânia. “Para as crianças com cancro na Birmânia, o transporte muda tudo“, lê-se no site da organização. “Centenas de crianças morrem de cancro todos os anos sem receber tratamentos médicos ou paliativos adequados. Com um rendimento médio de 2 euros por dia, a maioria das crianças não podem pagar a viagem de 12 horas para o hospital”, explica-se. Uma das formas de ajudar a instituição é comprando a faixa de Luísa Sobral aqui.