Está “em sintonia perfeita” com o presidente do Benfica. Diz generalidades sobre Jorge Jesus — “é um treinador de um dos clubes adversários” — mas assume que o jogo em Alvalade, que acabou empatado, foi um momento “muito importante” na caminhada rumo ao tetra. Este foi, aliás, o título “mais saboroso” que conquistou, admite, em entrevista à SIC e depois à SIC Notícias. Conseguiu fazer história no clube ao alcançar o tetra campeonato (com uma primeira época conquistada por Jesus) e não sai do clube. Quererá ser um Ferguson do Benfica? “Se tivesse que ser, seria sem qualquer problema”.

Em três anos à frente do clube da Luz, Rui Vitória soma dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e uma Taça da Liga. Questionado sobre se tinha sido pressionado para colocar um ou outro jogador em campo por razões financeiras do clube, garante: “Alguma vez alguém me impõe que use A ou B? Era o que faltava“. Pelo menos por três vezes, durante os vários momentos da entrevista, Vitória sublinhou que está em “sintonia perfeita” — a expressão foi sempre essa — com Luís Filipe Vieira. Será, eventualmente, essa uma das razões para que deseje continuar a treinar o clube quando, reconhece, o “mais fácil” seria aproveitar um convite feito no momento em que voa mais alto para sair. Vitória parece querer deixar uma marca perene no clube da Luz.

A minha vida sempre foi regulada por coisas práticas e, se tivesse que ser um Alex Ferguson do Benfica, seria sem qualquer problema”.

A relação com o presidente flui, mas também é claro o papel que cada um tem no clube: “O nosso presidente é a figura principal do Benfica“, assume. E ainda que Vieira saiba quais são as “prioridades” do treinador, a verdade é que o mercado de transferência está aí e o técnico está consciente de que há jogadores com que não poderá contar na próxima época. Ederson, o muro da baliza dos encarnados, já saiu: “Gostava que ficasse mais tempo“. Outros deverão seguir-se. “Há algo para que estamos preparados: saber que todos os anos é possível que saiam jogadores”. Vitória vai olhando para o mercado, olhando para os jovens valores do clube e acautelando eventuais saídas.

Certa é a continuação de Luisão, o central que tem sido a maior voz da experiência na equipa. Júlio César, o guarda-redes passado a suplente, “está com as capacidades intactas” e, “previsivelmente”, fará parte da equipa da próxima época. Em que papel? Não fica claro. Vitória sublinha, no entanto, que o brasileiro foi um “elemento muito importante” nos últimos anos. Essa atenção que dedica aos seus jogadores é uma nota que perpassa as várias épocas à frente da equipa. Rui Vitória sublinha: “Não ganhámos estes títulos a dar as mãos e a pensar que coisas se resolvem dessa maneira. A empatia, os relacionamentos, os laços que se fazem dentro de uma equipa são determinantes para acrescentar qualquer coisa, mas depois é a qualidade individual e coletiva que ajudou a que isso acontecesse”, defende.

Chegou a um clube acabado de vencer um campeonato nacional. O treinador que substituiu tinha trocado a Luz pelo eterno rival da Segunda Circular e, quando chegou, a caminhada começou de forma atabalhoada. Esteve muitos pontos atrás do Sporting antes de uma ultrapassagem ao sprint que lhe deu vantagem na reta final do campeonato. Alguma vez teve dúvidas? “Jamais”, garante. “Eu não vacilo“, acrescenta, quando questionado sobre as dúvidas que já se sentiam no ar quanto à sua capacidade de conduzir o “Ferrari” (a expressão é de Jesus, para falar do seu antigo clube). “Não somos super-homens, mas acredito naquilo que sou enquanto pessoa e na minha equipa”.

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