No mapa de Reuben Teo estão sempre países coloridos. Depois de ter ido em busca de paisagens exóticas aos imponentes vulcões de Java e de ter percorrido os sinuosos percursos de Bagan, o fotógrafo nascido e criado na ilha asiática do Bornéu rumou até à Coreia do Norte entre 2014 e 2015. E contou ao Observador como foi aquela que considera “a experiência mais bizarra” do seu passaporte de viagens.

Foi a curiosidade que o moveu: “Fiquei fascinado com o contraste do comportamento [da Coreia do Norte] em relação ao resto do mundo” e queria saber “como um país estranho e que não segue as normas sociais [do Ocidente] ainda existe no mundo de hoje”. Tudo o que conhecia da misteriosa da Coreia do Norte eram as imagens que via na Internet. Conhecia as estátuas, as fardas dos soldados e as ruas de Pyongyang, mas nunca encontrou quem lhe mostrasse as paisagens naturais e a vida — a verdadeira vida — dos norte-coreanos. Esse foi o seu mote: “Estava interessado em ver se a Coreia do Norte também proporciona fotos fora do comum que eu poderia trazer para casa para compartilhar com todos”. E conseguiu, como prova o álbum de imagens que pode ver na fotogaleria.

Foi quando acabou de ver um documentário sobre a montanha secreta de Paektu, onde se esconde um vulcão que os cientistas temem que possa entrar em erupção se a Coreia do Norte fizer um teste nuclear, que pôs as malas às costas. Descobriu, diz ele ao Observador, um país preso nos anos oitenta: “Era como uma cápsula do tempo. Apesar disso, havia muita beleza para lá das portas fechadas da Coreia do Norte. Eles podem não ter os mesmos padrões de estética que temos, mas sua interpretação de beleza é única e absolutamente incrível. Vi beleza nas suas cidades, beleza nas suas paisagens naturais e definitivamente beleza nas pessoas comuns”, recorda.

Mas apesar de todo esse fascínio, isso não foi o que mais cativou Reuben Teo: foi a normalidade. “Não foram as cenas excessivamente loucas de guerra e do regime militar que se veem todos os dias nos jornais [que me impressionaram]. Eles têm uma forte presença militar mas, no geral, as pessoas eram realmente agradáveis ​​e hospitaleiras. Foram muito acolhedoras para os estrangeiros e senti o calor que o povo coreano nos dava”, explica ao Observador. O fotógrafo descobriu assim que parte da ideia que o Ocidente tem sobre a Coreia do Norte está errada, embora entenda de onde vem toda a desconfiança: “Como o país é tão diferente e único, às vezes é difícil perceber se tudo o que acontece lá é artificial ou não. Devido à falta de informação e às constantes imagens negativas da comunicação social, temos este cliché em mente”.

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Há até coisas que o Ocidente devia aprender com o estilo de vida norte-coreano: a determinação para a sobrevivência. “Apesar das pesadas sanções e das limitações ao comércio que os prejudica, eles continuam a ter uma vontade de sobreviver e lutar contra todas as probabilidades. Eles podem não ter o método ou mentalidade convencional com que estamos habituados a lidar mas, como seres humanos, todos merecem viver uma vida pacífica e feliz. Eles têm essa genuína gratidão em relação à sua comunidade e liderança”. É isso que os mantém numa vida harmoniosa, acredita Reuben Teo.

O fotógrafo contactou com todo o tipo de classes sociais: conversou com estudantes, professores, artistas, turistas e pessoas que simplesmente gostam de beber um copo no bar. Falaram de música, filmes e passatempos: a curiosidade que os estrangeiros tinham pela Coreia do Norte era a mesma que os norte-coreanos tinham pelos estilos de vida noutros países. Depois disso, embora nunca tenha partido para a Coreia do Norte com um sentimento de missão, acabou por desejar mostrar ao mundo o país que viu. E mostrou-o através desta fotogaleria, criada a partir do álbum partilhado por Reuben Teo neste link.

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