A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris já motivou a condenação de vários líderes europeus e mundiais. Num momento em que o Presidente norte-americano parece cada vez mais isolado nesta matéria, foi Emmanuel Macron quem levou as críticas mais longe: já depois de ter reagido em conferência de imprensa, o recém eleito Presidente francês publicou um vídeo de três minutos onde defende que é urgente “Tornar o Nosso Planeta Grande Outra Vez” (“Make Our Planet Great Again”), uma clara alusão ao chavão usado pelo conservador na campanha norte-americana (“Make America Great Again”).

No vídeo, divulgado através da página de Twitter do Presidente francês, Macron lembra que as alterações climáticas “já estão a mudar o nosso dia a dia” e que “todas as pessoas vão ser afetadas”. Tentando chamar Trump à razão, o sucessor de François Hollande deixa um aviso: “Se não fizermos nada, as nossas crianças vão conhecer um mundo de migrações, de guerras e de escassez. Um mundo perigoso.”

O vídeo, gravado em inglês, termina com a provocação de Emmanuel Macron a Trump: “Todos partilhamos a mesma responsabilidade. Tornar o nosso planeta grande outra vez”.

Antes, em conferência de imprensa, e como contava aqui o Observador, Macron revelou ter falado ao telefone durante breves minutos com o seu homólogo norte-americano. “Respeito esta decisão, mas penso que é um erro para os Estados Unidos e para o nosso planeta”, afirmou o Presidente francês. “Esta noite, quero dizer aos Estados Unidos que a França acredita em vocês. O mundo acredita em vocês”, disse ainda, frisando que França não vai deixar de “lutar” contra o aquecimento global.

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França, Alemanha e Itália telefonaram a Trump e disseram que não havia renegociação

Na mesma conferência de imprensa, Macron convidou os cientistas e empresários norte-americanos a irem trabalhar para França.”A todos os cientistas, engenheiros, empresários cidadãos empenhados a quem a decisão do presidente dos EUA dececionou”, o presidente francês garantiu que encontrariam “uma segunda pátria em França”.

O gesto do Presidente francês motivou elogios mesmo nos Estados Unidos. À cabeça, Mark Cuban, multimilionário norte-americano e dono da equipa da NBA Dallas Mavericks, que resumiu num tweet aquilo que pensam os opositores de Trump: “Custa ver que isto [a defesa do planeta] vem de um líder estrangeiro e não do nosso Presidente.”

https://twitter.com/mcuban/status/870523714563063809

Primeiro-ministro francês também já reagiu

O primeiro-ministro francês classificou esta sexta-feira como “calamitosa” a retirada dos Estados Unidos do acordo sobre as alterações climáticas mas mostrou-se convencido de que muitas cidades norte-americanas vão manter ações contra o aquecimento global.

Há um grande número de autarcas dos Estados Unidos que vão continuar a querer a trabalhar connosco” disse Édouard Philippe esta sexta-feira numa entrevista à estação de rádio RTL quando questionado sobre a decisão de Donald Trump anunciada na quinta-feira.

O primeiro-ministro francês afirmou também que as posições do presidente norte-americano abrem uma fase de “consternação mas também de resolução” e que reforçam a “urgência e a necessidade” de uma perspetiva coletiva.

Édouard Philippe considera a decisão “calamitosa” porque as questões relacionadas com as alterações climáticas são “essenciais”.

“O presidente dos Estados Unidos decidiu retirar-se em consciência [do Acordo de Paris]. Está a dizer que vai resolver sozinho os problemas do mundo”, acrescentou.

Laurent Fabius, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros francês que negociou o Acordo de Paris disse que a retirada dos Estados Unidos é um “grande erro” e uma “falta de vergonha”.

Numa entrevista ao canal France 2, Fabius criticou esta sexta-feira o “conjunto de mentiras” proferidas por Trump sobre o aquecimento global concluindo que a única reação é a “mobilização mundial” sobre a posição da Administração norte-americana.