O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, desafiou neste domingo o PS a apoiar as propostas que apresentou de combate à precariedade laboral, e argumentou que os direitos dos trabalhadores são fronteira entre a esquerda e a direita. Numa festa-comício em Sacavém, de lançamento da recandidatura de Bernardino Soares à Câmara de Loures, o líder do PCP apelou ao PS para que apoie as iniciativas legislativas agendadas pelo PCP para dia 12 de junho, “dois projetos de lei sobre a precariedade e o trabalho temporário, alargando ao setor privado”.

Prometendo que “o PCP não desbaratará gratuitamente perspetivas e possibilidades criadas no plano político com a nova correlação de forças”, Jerónimo de Sousa lançou “um apelo, um desafio, ao PS e ao Governo para que acompanhe estas iniciativas que o PCP apresentou e resolva problemas que afetam milhares e milhares de trabalhadores”.

“E dizemos ao Governo, e dizemos àqueles que acompanham a nova fase da vida política nacional, usando a dialética: o que era verdade ontem pode não ser verdade amanhã. É por isso que, se não houver respostas a estes problemas, aumentará a desilusão, aumentará o descontentamento, aumentará o protesto, porque foram criadas expectativas e esperanças que não podem ser goradas com o risco de o povo afirmar ‘isso não, temos de encontrar outra solução'”, avisou.

O líder do PCP apontou como “motivo de inquietação” a não reversão no Código do Trabalho e da legislação laboral e da administração pública do anterior governo, “lesivas dos direitos dos trabalhadores”, com os votos de PS, PSD e CDS. “O PSD e o CDS é lógico, está na sua natureza. Que o PS alinhe é que é preocupante, porque a questão dos direitos individuais e coletivos dos trabalhadores sempre, mas sempre, foram zona de fronteira entre a esquerda e a direita”, alertou Jerónimo de Sousa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Quem está do lado do capital, quem está contra os direitos dos trabalhadores, não pode dizer que efetua e efetiva uma política de esquerda”, vincou. O secretário-geral do PCP insistiu ainda que, “sem desmerecimento do conjunto de medidas positivas, o Governo do PS não vai bem quando gora as expectativas justas, quer em matéria, por exemplo, da precariedade, ou em relação ao regime de reformas de trabalhadores com longas carreiras contributivas”.

Jerónimo de Sousa apontou ainda atrasos na “concretização de medidas concertadas e aprovadas no Orçamento de Estado do presente ano, caso da redução do preço do gás de botija ou da contratação de assistentes para as escolas”.

Saudando as manifestações de sábado, em Lisboa e no Porto, convocadas pela CGTP-IN, o secretário-geral do PCP afirmou a “necessidade de assegurar um PCP e uma CDU mais fortalecidos para novos avanços na solução dos problemas nacionais e para melhoramento das condições de vida do povo”, ao mesmo tempo que sublinhou “que a luta e o seu desenvolvimento é outra condição imprescindível para tais avanços”.