Quatro federações distritais de bombeiros manifestaram-se esta quarta-feira contra o novo sistema de transporte de doentes do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, por alegadamente estar a agrupar utentes sem ter em conta horários e distâncias.

A posição, divulgada esta quarta-feira em comunicado enviado à agência Lusa, foi assumida pelas federações de bombeiros dos distritos de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal, com o apoio da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Contactado pela Lusa, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora (FBDE), Inácio Esperança, afirmou que o novo sistema “baixou a qualidade” do transporte dos doentes, lamentando que as alterações não tenham sido articuladas com os bombeiros.

“Estamos disponíveis para ajudar o IPO de Lisboa a reduzir alguma da despesa, mas não estamos disponíveis para fazer transportes que entendemos que não têm qualidade e que podem por em causa a saúde dos doentes”, advertiu.

Como exemplo, o responsável disse que o novo sistema de marcações de transportes da instituição está a “agrupar doentes de Aljustrel com Borba”, indicando que os utentes passaram a fazer “mais três ou quatro horas de viagem”.

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“Na passada sexta-feira, foi pedido aos bombeiros de Évora que transportassem os doentes que estavam para sair [da cidade] às 14h00 com os que tinham de sair às 5h00. Obviamente que os doentes das 14h00 recusaram-se, porque tinham de ir para Lisboa às 5h00 e só tinham tratamento a partir das 14h00”, relatou.

Inácio Esperança revelou que já foi enviada uma carta conjunta ao presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa a informar que as associações dos quatro distritos passam a transportar apenas doentes das suas áreas de intervenção.

Na missiva, os bombeiros solicitam igualmente uma reunião para uma análise conjunta do novo sistema de marcações de transporte do IPO de Lisboa, que entrou em vigor no início deste mês.

“As federações têm uma proposta que tem a ver com agrupamentos que beneficiem os doentes em rota e o IPO de Lisboa e que os agrupem não apenas pela distância mas também pelo horário dos tratamentos e em proximidade”, salientou.

Em entrevista à Lusa, no final de maio, o presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa, Francisco Ramos, revelou que as mudanças no transporte de doentes visavam diminuir a despesa, que duplicou nos últimos cinco anos, atingindo os sete milhões de euros em 2016.

Na altura, o responsável disse que, com a medida, o IPO pretendia “alguma racionalização e algum agrupamento de transporte de pessoas”, indicando que as marcações passavam a ser feitas pelo IPO e não pelos próprios doentes.