Os maiores bancos comerciais de Moçambique consideram que o mercado ganhou transparência com a introdução de uma taxa de referência para novos contratos de crédito, segundo várias fontes ouvidas esta quarta-feira pela agência Lusa em Maputo.

“A taxa terá seguramente impacto positivo no mercado, uma vez que a uniformização irá dotar o sistema de maior transparência”, respondeu fonte oficial do banco BCI, detido a 51% pela Caixa Geral de Depósitos e com 30% de participação de outro banco português, o BPI.

Por seu lado, o Millennium Bim, detido a 66,6% pelo BCP, realçou que “Moçambique passa assim a ter um indexante único para as operações de crédito, à semelhança da Euribor, aplicada na Europa”.

O indexante único (prime rate, em inglês) entrou em vigor a 1 de junho e estrou-se com uma taxa de 27,75% fixada pelo Banco de Moçambique para o mês de junho – aplicando-se a novas operações de crédito ou às que forem renegociadas ou renovadas.

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“A grande alteração prende-se com o facto de cada instituição de crédito ter de utilizar a mesma ‘prime rate'”, ou seja, o ponto de partida é igual para todas, referiu o BCI às questões colocadas pela Lusa.

Cada qual aplica depois um adicional (spread) para formar a taxa de juro final, “pelo que o cliente pode comparar as várias propostas”, sublinhou.

Cabe aos bancos comerciais “estabelecer os seus próprios spreads de crédito de acordo com a natureza de cada operação, consoante a sua estrutura de custos, o risco da operação e o perfil do cliente”, acrescentou.

O indexante único de 27,75% é “ligeiramente inferior à atual prime rate do BCI que se situa em 28%”.

“O objetivo do Banco de Moçambique com a Prime Rate do Sistema Financeiro é uniformizar a base de cálculo da taxa de juro variável praticada pelos bancos”, notou o Millennium Bim.

O banco também acredita que “esta nova regra de cálculo do preço do crédito na banca vai promover uma maior transparência na fixação das taxas de juro e munir os clientes de uma base de comparação e negociação mais alargada, mas cada banco comercial definirá o spread de acordo com o grau de risco do cliente ou da operação”, disse à Lusa fonte oficial da instituição.

O valor de estreia “é ligeiramente inferior à maioria das prime rates dos bancos. A Prime Lending Rate (PLR) do Millennium Bim era de 30,25%”, acrescentou.

Esta PLR “continua a existir para regular o preço das operações em carteira”, explicou o Millennium Bim.

O Barclays Bank Moçambique disse à Lusa que a sua política de crédito “irá manter-se inalterada”, sem outros comentários.

O acordo sobre o indexante único foi assinado a 17 de maio de 2017 entre o Banco de Moçambique, a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) e todas as instituições de crédito que operam no mercado.