O ex-secretário de Estado do Turismo Bernardo Trindade, a administradora da SAG Esmeralda Dourado e o antigo presidente da companhia aérea açoriana Sata, António Gomes de Menezes, vão ser os administradores não-executivos da TAP indicados pelo Estado.

A informação foi avançada por Luís Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário na SIC. De acordo o antigo líder do PSD, os três administradores foram os escolhidos para completarem o conselho de administração liderado por Miguel Frasquilho, antigo secretário de Estado do Tesouro, deputado do PSD e presidente da Aicep. A estes juntam-se ainda a presidente do conselho de administração de Serralves, Ana Pinho, e Diogo Lacerda Machado, um dos melhores amigos de António Costa e o homem que representou o Estado nas negociações para a reversão do processo de privatização da TAP.

A escolha de Diogo Lacerda Machada para administrador não-executivo já mereceu duras críticas de Pedro Passos Coelho e de Catarina Martins. O líder do PSD descreveu mesmo a decisão do Governo socialista como uma “pouca vergonha“. A coordenadora do Bloco de Esquerda, por sua vez, avisou o Governo de que é preciso acabar com os “velhos hábitos” do regime na nomeação de administradores para empresas público.

Ainda que considere a equipa escolhida pelo Governo para a TAP “globalmente equilibrada”, Marques Mendes não deixou de questionar a escolha de Diogo Lacerda Machado como vogal. Para o comentador político, o melhor amigo de António Costa parece o “pau para toda a colher” do Governo socialista, visto que, além do seu envolvimento na gestão do dossier da TAP, liderou as negociações com os lesados do BES em representação do Estado. “Dá uma má imagem”, criticou o social-democrata.

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Nomeação de Lacerda Machado para a TAP é “uma pouca vergonha”, diz Passos Coelho

Sobre o caso que marcou a semana política — a polémica em torno da EDP –, Marques Mendes acabou por centrar grande parte da sua intervenção nas críticas à declaração “profundamente infeliz” de Eduardo Catroga. Recorde-se que, quando a controvérsia estalou, o agora presidente do conselho de administração da EDP deixou um aviso à navegação: “Não se brinca com empresas cotadas”.

Para Marques Mendes, as declarações de Catroga acabam por ser indiretamente “uma crítica à investigação do Ministério Público” e inaceitáveis à luz do mais elementar princípio: aos olhos da justiça todos os cidadãos são iguais e “se há dúvidas, investiga-se”.

O comentador político deixou, ainda assim, quatro perguntas que merecem ser respondidas: se as rendas que o Estado pagava à EDP eram excessivas, porque é que a investigação só surge agora? Porque é que os arguidos ainda não foram ouvidos? Porque é que o anterior Governo PSD/CDS não “foi mais longe” no corte dessas rendas? E, se o Governo quer cortar 500 milhões, “vai cortar como e quando?”. O tema promete marcar a agenda política das próximas semanas.

Quanto valem os contratos polémicos: EDP recebeu 2,5 mil milhões em dez anos