O bastonário da Ordem dos Médicos teme que Portugal esteja já a perder a oportunidade de receber a Agência Europeia do Medicamento, devido ao debate público sobre a sua localização e à inabilidade do Governo.

“Este debate público que está a acontecer é mau para Portugal. Acho que Portugal com isto já está a perder pontos e devido à inabilidade que o Governo teve nesta matéria acho que, infelizmente para todos, vamos perder a Agência Europeia do Medicamento, quando o interessante seria ficar em Portugal, o sítio era irrelevante”, afirmou o bastonário Miguel Guimarães em declarações hoje aos jornalistas em Lisboa, no final de uma reunião com a Associação de Medicina Geral e Familiar.

O representante máximo dos médicos lembrou que a Ordem não emitiu uma posição oficial sobre a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa), até porque diferentes estruturas regionais deram opiniões díspares sobre o assunto.

A escolha de Lisboa para candidata a receber a sede da Agência Europeia do Medicamento tem motivado críticas de deputados e de autarcas e o processo foi criticado igualmente por vários profissionais de saúde.

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Para Miguel Guimarães, a questão da EMA foi “muito mal tratada pelo Governo”, mas o bastonário critica igualmente o debate público que se tem criado, neste momento, sobre a candidatura de Lisboa.

“É um péssimo exemplo do que Portugal por vezes faz, não existe planeamento e organização. Este debate que está a ser tido publicamente, devia ser um debate interno entre as várias estruturas. Depois de ter as propostas devidamente fundamentadas, o Governo, com a Assembleia da República, decidia qual o local ideal para albergar a agência”, afirmou o bastonário.

O ministro da Saúde tem afirmado que os “serviços fizeram um levantamento técnico” para averiguar que cidade teria possibilidade de tornar a candidatura mais forte, lembrando que há cerca de outras 20 candidaturas a receber a EMA, que abandonará Londres, com a saída do Reino Unido da União Europeia.

Na semana passada, em entrevista à Lusa, o ministro Adalberto Campos Fernandes apelou para que Lisboa fosse considerada uma candidatura nacional.