Os emigrantes lesados do Banco Espírito Santo (BES) voltam hoje a protestar em Paris, França, contra a falta de uma solução para o seu caso, quase três anos após a resolução do banco.

A manifestação está marcada para a tarde de hoje e decorrerá entre a sede do Novo Banco, no 16.º bairro da capital, e a praça do Trocadero.

Antes do protesto, de manhã, decorre uma reunião entre os emigrantes e a equipa jurídica da Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP), para decidir os próximos passos da luta.

A AMELP tem tido várias iniciativas para reivindicar uma solução para o problema dos emigrantes que perderam as suas poupanças investidas no BES.

A associação enviou uma petição ao Parlamento Europeu na qual considera que a resolução do BES é ilegal, ao pôr em causa o direito de propriedade sem dar qualquer compensação aos lesados, e, mais recentemente, colocou mesmo na Justiça ações contra os funcionários do BES (agora do Novo Banco) que venderam os produtos que levaram a perdas financeiras.

A 12 de abril, a associação também já tinha entregado no parlamento português com uma petição assinada por oito mil emigrantes “para que seja reconhecido que os produtos vendidos eram fraudulentos”.

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Após a resolução do BES, em 04 de agosto de 2014, mais de 10.000 clientes emigrantes (sobretudo de França e Suíça) vieram reclamar um total de 728 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo) quando lhes tinha dito que se tratava de depósitos a prazo para não residentes.

A responsabilidade sobre estes produtos ficou, na resolução do BES, no Novo Banco – o banco de transição então criado – que propôs em 2015 aos emigrantes (com os produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma solução comercial, que teve a aceitação de cerca de 6.000 (80% do total) que detinham em conjunto 500 milhões de euros.

No entanto, houve clientes que não aceitaram a solução, por considerarem que não se adequava ao seu perfil e não era justa, incorporando obrigações do Novo Banco que têm o seu vencimento apenas daqui a 30 anos e sem cupão anual, e o Novo Banco não fez qualquer proposta a outros milhares de clientes, argumentando que não era possível devido ao tipo de instrumentos financeiros abrangidos.

Em fevereiro, o gabinete do primeiro-ministro disse que o Novo Banco iria apresentar em breve uma nova proposta comercial a estes emigrantes para os tentar compensar pelas perdas sofridas, a que podem aderir mesmo os que rejeitaram a primeira solução apresentada em 2015, mas até ao momento ainda nada aconteceu.