A Confederação Portuguesa do Yoga defende a introdução desta prática nos currículos das escolas, disse à Lusa o presidente, Jorge Veiga e Castro, que destacou benefícios na melhoria do aproveitamento e do comportamento dos alunos.

A confederação, que tem no país 44 centros de yoga (‘áshrama’), com milhares de alunos, tem realizado projetos e investigações em escolas portuguesas, obtendo “resultados excelentes”, afirmou o responsável da Confederação, em entrevista à Lusa a propósito do Dia Internacional do Yoga, que se assinala esta quarta-feira. Segundo o mestre de yoga, a organização já propôs esta iniciativa aos governos de Portugal e da Índia, país de onde o yoga é originário.

Veiga e Castro referiu que as autoridades indianas “já estão a avançar” para a introdução do yoga no ensino e, nesse sentido, considerou “muito interessante” a visita, no início do ano, do primeiro-ministro português, António Costa, à Índia. No próximo sábado, o chefe do Governo indiano, Narendra Modi, visitará Portugal.

O ensino do yoga nas escolas é aquilo que a Confederação Portuguesa e a Confederação Europeia, ambas presididas por Veiga e Castro, chamam de “terceiro e quatro passos”, depois de terem sido cumpridos os dois primeiros: a consagração, pelas Nações Unidas, do dia 21 de junho como Dia Internacional do Yoga, que aconteceu em dezembro de 2014, e a proclamação do yoga como Património Imaterial da Humanidade, pela Unesco, no final de 2016.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ambas as iniciativas foram impulsionadas pela Confederação Portuguesa do Yoga, que desde 2002 organiza comemorações do Dia do Yoga, coincidindo com o solstício do verão, atraindo a Portugal os maiores mestres mundiais desta prática e responsáveis de diferentes religiões.

Também a embaixadora da Índia em Lisboa se afirma empenhada no ensino do yoga às crianças portuguesas. “Acredito firmemente que, se conseguirmos ensinar as crianças, elas poderão recorrer ao yoga quando têm situações stressantes”, disse à Lusa a diplomata, Nandini Singla, que sublinhou que esta prática “não exige qualquer equipamento” e “pode fazer-se em qualquer lado”, permitindo “baixar o nível de stresse”.

Ela própria uma praticante de yoga, a embaixadora comentou que “hoje em dia, é muito difícil manter as crianças afastadas das tecnologias, mas elas também lhes dão ferramentas necessárias”.

“O desafio é conseguir que usem as tecnologias sem perderem a capacidade de se concentrarem ou sem terem défice de atenção. Nesse aspeto, o yoga é de um enorme valor, porque ensina a focar-se, sem saltar a atenção de uma coisa para outra”, disse, acrescentando: “Se as crianças forem treinadas desde cedo, é um aspeto que dura para sempre”.

A Confederação tem ainda um quarto objetivo: que o dia 21 de junho seja consagrado pelas Nações Unidas como o primeiro Dia Global da Humanidade, “24 horas sem derramamento de sangue em todo o planeta, pela viabilidade do ADN humano, por um planeta e humanidade saudáveis”.

“Devemos tomar consciência de que vivemos num planeta comum, com um ADN, que somos uma raça que tem de coexistir e de usar soluções diplomáticas para resolver os conflitos, ou até reduzi-los”, defendeu Jorge Veiga e Castro.

As comemorações do Dia Internacional do Yoga, que decorrem este ano pela primeira vez após a declaração desta prática como Património da Humanidade, arrancam hoje com uma sessão aberta na sede da comunidade hindu, em Lisboa, ao final da tarde.

No sábado à tarde, decorrem palestras, com a participação de Miguel Claro, astro fotógrafo oficial da Reserva Dark Sky Alqueva, e de Marina Cortês, cosmóloga do Observatório de Edimburgo e vencedora do Buchalter Cosmology Prize, além de uma atuação do OMKÁRA – Coral Orquestra da Confederação Portuguesa do Yoga, no auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

No domingo, são esperados mais de mil praticantes de yoga na pista de atletismo Professor Moniz Pereira, numa iniciativa em que participam também representantes de várias religiões.