Os ministros François Bayrou e Marielle de Sarnez, que tinham as pastas da Justiça e dos Assuntos Europeus, anunciaram esta quarta-feira a saída do Governo francês, no âmbito da investigação judicial que afeta o seu partido, o MoDem, um dia após a ministra da Defesa, Sylvie Goulard, ter também anunciado a saída.

“Tomei a decisão de não fazer parte do próximo governo. Vou dar uma conferência de imprensa esta tarde às 17h00 (16h00 em Lisboa)”, disse François Bayrou, presidente do MoDem, partido centrista que foi objeto de uma investigação por alegados empregos fictícios dos seus assistentes, pagos com dinheiro do Parlamento Europeu (PE).Bayrou estava a preparar um projeto de lei para reformar a política, mas renunciou para evitar comprometer o novo Governo do Presidente Emmanuel Macron, de acordo com os media franceses.

Sobre Marielle de Sarnez, braço direito de Bayrou, o Modem diz que renuncia a integrar o novo governo, onde seria ministra dos Assuntos Europeus, para assumir a presidência do grupo parlamentar da formação centrista na Assembleia Nacional.

A ministra da Defesa francesa, Sylvie Goulard, já tinha renunciado ao cargo na terça-feira para poder “demonstrar livremente” a sua “boa-fé” no inquérito, em curso, sobre suspeitas de alegados casos de criação de empregos fictícios para funções de assistentes no PE. O ministro do Planeamento Urbano, Ricard Ferrand, também alegou conflitos de interesse e deixou o seu cargo no Governo há alguns dias.

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As demissões surgiram horas antes do anúncio de uma remodelação planeada pelo Governo, que inicialmente deveria corresponder a ajustes e agora deverá promover uma mudança mais substancial. De acordo com vários meios de comunicação, a renúncia surpresa na terça-feira da ministra da Defesa foi o anúncio da “reabilitação moral” que acabou por causar uma bola de neve.

Na segunda-feira, o Eliseu anunciou uma “remodelação técnica” no Governo após as eleições legislativas de domingo, que deram uma maioria absoluta ao partido do Presidente Emmanuel Macron (308 dos 577 assentos), confortada pelos lugares do aliado MoDem (42).

A 9 deste mês foi aberto um inquérito preliminar para averiguar se o partido pagou o salário de empregados do MoDem em França através de contratos de trabalho como assistentes parlamentares europeus. O líder do MoDem, François Bayrou chegou a ministro da Justiça a 17 de maio último, tendo na semana passada negado as suspeitas. Os dois ministros correm o risco de ter de responder na justiça no quadro desta investigação aberta por “abuso de confiança”, entre outras acusações.