Os Lindeboom, que foram dados como desaparecidos pelos vizinhos, já voltaram a casa. Já Manuel, da aldeia de Nodeirinho, continua sem saber do filho de 21 anos. E não será o único. Mas só nos “próximos dias” será possível saber quantas pessoas continuam desaparecidas, na sequência do incêndio que teve início em Pedrógão Grande e que por esta altura ainda lavra em Góis, Pampilhosa e Arganil. Esse número só será avançado depois de “cruzar os dados de cada entidade” envolvida na estrutura que está a atuar no terreno, sendo que há muitas a ajudar, respondeu ao Observador fonte oficial do Ministério da Administração Interna (MAI), esta quarta-feira.

Ou seja, não há um documento nem um sistema usado por todas as entidades no terreno para partilhar informações sobre as pessoas dadas como desaparecidas ou que, pura e simplesmente, as famílias ou amigos não conseguem contactar (muitas vezes por falta de rede na zona) e que podem até nem estar em parte incerta.

Questionada especificamente sobre a linha de informação ao público criada pela Proteção Civil a propósito da tragédia de Pedrógão Grande — 800 246 246 — a mesma fonte do Ministério da Administração Interna explicou que também “não têm números exatos” de quantas pessoas ligaram a pedir informações sobre familiares ou amigos, garantindo, porém, que “quem liga para essa linha vai ser ajudado”. Para isso são feitas várias perguntas por parte dos operadores da linha e é feita uma triagem consoante o tipo de assunto.

Mesmo não tendo números em mãos, a mesma fonte arriscou que serão já “muito pouco prováveis os casos de desaparecidos. O que haverá mais são desencontros”

Desde segunda-feira estão também no terreno (sobretudo no concelho de Pedrógão Grande) equipas multidisciplinares compostas por oito elementos — Segurança Social, INEM, Proteção Civil, GNR, Saúde Pública, Cruz Vermelha Portuguesa, Bombeiros e CTT (a equipa é guiada pelo carteiro) — que estão a percorrer localidades e lugares onde o fogo andou perto mas não chegou a tomar as casas. Até ao fim do dia de terça-feira não tinham sido reportados quaisquer desaparecimentos nesses lugares por parte dos habitantes. As equipas encontraram sobretudo idosos e estavam bem de saúde.

O Observador procurou saber, junto do Ministério de Vieira da Silva, se a informação recolhida nestas visitas é centralizada em alguma plataforma para que, por exemplo, a Proteção Civil possa socorrer-se dessa lista para responder a familiares ou amigos que liguem para o 800 246 246 a pedir informações, mas não obteve, até ao momento, resposta. Também ainda não conseguiu entrar em contacto com a Proteção Civil.

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