Cerca de 50.000 pessoas ficaram este domingo isoladas na localidade de Matalascañas devido ao incêndio que começou em Moguer (Huelva), sul de Espanha, que obrigou ao corte de várias estradas, segundo autoridades espanholas citadas pelos meios de comunicação social locais.

Um incêndio florestal deflagrou na noite de sábado numa zona de pinheiros e de culturas de Moguer (Huelva), tendo penetrado no Parque Natural de Doñana, a cerca de 65 quilómetros da fronteira com Portugal.

As chamas estão a ser combatidas por mais de 550 operacionais do Infoca (o serviço andaluz de extinção de incêndios), da Unidade Militar de Emergências (UME) e do Consórcio Provincial de Bombeiros, apoiados por mais de duas dezenas de veículos e cerca de 25 meios aéreos.

Segundo fontes dos municípios afetados, citadas pelo jornal El Pais, foram cortadas três estradas, entre elas a A-494 e A-483 — esta última entretanto reaberta –, que ligam a Matalascañas, uma estância no coração do núcleo turístico no Parque Nacional de Doñana, deixando 50.000 pessoas dependentes da reabertura, mas com as autoridades a assegurar que não correm risco.

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Na zona está um contingente de cerca de 80 guardas civis que estão a gerir o trânsito e a prestar auxilio às cerca 2.000 pessoas que ficaram desalojadas na sequência do fogo (sobretudo de alojamentos turísticos).

2000 pessoas retiradas de hotéis e parques de campismo

Cerca de 2000 pessoas foram retiradas de parques de campismo e de um hotel no sul de Espanha devido ao incêndio.

Entre as pessoas mobilizadas pelas autoridades espanholas estão turistas alojados em parques de campismo e hotéis daquela região, habitantes locais e militares de uma base em Arenosilla, avançam os meios de comunicação espanhóis, como o El País, citando informações do centro de emergência espanhol. Só no parque de campismo de Doñana foram retiradas 1500 pessoas, esclareceu o delegado do Governo da Andaluzia, Antonio Sanz.

Apesar do esforço de bombeiros e militares no terreno para evitar que as chamas alcançassem o Parque Nacional de Doñana, o incêndio acabou por entrar em território protegido. Os limites do parque ficam a pouco mais de 60 quilómetros de Vila Real de Santo António, na fronteira algarvia com Espanha. Entre os meios aéreos enviados para o local estão quatro aviões anfíbios de Madrid, Málaga e Salamanca e três helicópteros Kamov mobilizados a partir de Jaén, Cádis e Cáceres.

As primeiras indicações apontam para mão criminosa na origem do incêndio. O responsável pelo Meio Ambiente e Ordenamento do Território de Andaluzia, José Fiscal, referiu, citado pelo El País, que “tudo aponta para que a mão do homem esteja por detrás” do fogo que já arde há 14 horas. “Na noite passado não foi detetado qualquer raio na zona”, acrescento.

Grafismo do Ministério da Agricultura, Pescas, Alimentação e Ambiente espanhol que ilustra a área afetada pelo incêndio

As cerca de 400 pessoas retiradas pelas autoridades foi realojada temporariamente em pavilhões desportivos de Mazagón, de Moguer e em hotéis da zona de Matalascañas. Houve ainda pessoas que fugiram por iniciativa própria de suas casas durante a noite e que acabaram por ficar em casa de familiares mais afastadas do incêndio.

Além destes, as autoridades optaram por evacuar também um centro local de reabilitação para toxicodependentes. Todos os residentes foram levados para instalações da câmara de Almonte en El Rocío.

Nas redes sociais, a página dos serviços de prevenção e combate de incêndios da Andaluzia dava conta dos meios enviados para o terreno. Devido à hora tardia a que o fogo deflagrou, só esta manhã foi possível acionar os meios aéreos.

De acordo com os serviços de emergência, alguns dos cerca de 2000 desalojados já tiveram autorização para regressar aos locais onde estavam hospedados ou às próprias casas, depois de passarem a noite em pavilhões desportivos da região.

Praia de Matalascañas temporariamente isolada

Também a praia de Matalascañas está temporariamente isolada, à espera que o incêndio dê uma trégua aos milhares de turistas que “aguardam indicações para pegar nos carros, sem saber para onde ir”.

“Matalascañas só tem duas vias de acesso, a estrada que une com Mazagón, que está cortada — e bem – desde cedo, e que leva a Rocío e a Almonte, onde se apanha a autoestrada que leva a Sevilha. Não há por onde sair”, explicou à agência de notícias espanhola EFE, Gregorio Corbalán, habitante do município.

Esta estância balnear hospeda frequentemente milhares de visitantes de cidades vizinhas, especialmente de Sevilha, que passam o fim de semana em hotéis ou a acampar na área.

De acordo com a EFE, da praia não se vê o incêndio, apenas os aviões bombardeiros que recolhem água do mar.

“Disseram-nos que é muito difícil que o fogo chegue até aqui, embora o acampamento de Mazagn, que é a 10 quilómetros tenha sido completamente queimado”, observou um outro visitante citado pela EFE.

A presidente da Junta de Andalucia, Susana Díaz, já agradeceu na rede social Twitter à população de Matalascañas a sua colaboração “facilitando o trabalho dos operacionais contra o incêndio em torno [do parque] de Doñana”.

As chamas obrigaram a evacuar os turistas que estavam no hotel Solvasa, os parques de campismo Doñana e Cuesta de la Barca, assim como o Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial do Ministério da Defesa (INTA) na base de El Arenosillo e várias vivendas, segundo o serviço de emergências citado pela EFE.

Segundo fontes do Infoca, a localidade de Mazagón “praticamente esvaziou de gente”.