Pelo menos 12 pessoas foram detidas esta terça-feira na sequência de uma operação da Polícia Judiciária contra uma rede de corrupção da Segurança Social responsável pela legalização de milhares de imigrantes ilegais. Entre os detidos estão seis funcionários da Segurança Social, assim como seis cidadãos estrangeiros, oriundos do sudoeste asiático, que seriam os intermediários do esquema de corrupção.

Em comunicado, a Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), explica que entre os detidos estão seis funcionários do Núcleo de Gestão do Cliente do Instituto da Segurança Social e seis cidadãos estrangeiros, oriundos de países do sudoeste asiático, todos detidos “pela eventual prática de crimes de corrupção passiva e ativa para ato ilícito, abuso de poder, falsidade informática e falsificação de documentos”.

Em causa está um esquema de corrupção, a que a PJ intitulou de “Operação Social Number”, que nos últimos anos tem permitido simular a legalização de imigrantes nos serviços centrais da Segurança Social de Lisboa. O esquema passava por, a troco de “centenas de milhares de euros”, os funcionários da Segurança Social alterarem os registos na base de dados, atribuindo números de identificação da Segurança Social “fraudulentos” a cidadãos estrangeiros que nunca trabalharam em Portugal, fazendo-o como se estivessem empregados no país com contratos de trabalho válidos.

A operação culminou com 48 buscas realizadas na área da Grande Lisboa, das quais 26 domiciliárias e 22 não domiciliárias, explica a PJ. “As buscas não domiciliárias foram realizadas a várias empresas e a instalações da Segurança Social, designadamente ao Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, tendo sido apreendidos documentos e material relacionado com a atividade criminosa em investigação e ainda mais de 50 000 euros em dinheiro”, sublinha.

A PJ acrescenta ainda que os detidos serão presentes a tribunal e que a investigação prossegue com vista à recolha de provas.

A denúncia partiu do próprio Instituto da Segurança Social. Em comunicado, o Instituto da Segurança Social explica que os casos de fraude interna e corrupção foram detetados no âmbito do Plano de Prevenção dos Riscos de Corrupção e Infrações Conexas.

“Sendo esta uma situação isolada, cuja investigação está ainda em curso, o Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, reafirma a confiança na vasta equipa que integra a rede de atendimento às empresas e aos cidadãos, cujo esforço diário muito contribui para a qualidade do serviço público prestado”, lê-se no comunicado.