O ex-candidato presidencial socialista Benoît Hamon laçou este sábado, em Paris, o seu próprio movimento: “Movimento 1º de julho”, uma iniciativa que visa “refazer a esquerda”. Hamon, que, durante um breve período de graça apareceu como um nome suficientemente visionário para reerguer a esquerda francesa, não só abandonará o Partido Socialista com0 diz querer “ultrapassar” os camaradas socialistas.

“O nosso objetivo é simples. Todos aqueles que estão aqui acreditam que há uma maioria social neste país que vive sob o domínio de uma minoria. Esta minoria está personalizada em Emmanuel Macron, [presidente francês], da velha burguesia e da nova classe média. O nosso objetivo é que, em cinco anos, a maioria social possa voltar a ser a ser maioria política. Para começar, lutaremos para as eleições municipais de 2020”, disse Benoît Hamon à imprensa, na apresentação do movimento, citado pelo jornal Le Monde.

Depois de uma desastrosa prestação nas eleições presidenciais (6,4% dos votos na primeira volta) e legislativas (foi eliminado, também na primeira volta, no distrito de Yvelines), Hamon tentou reunir nos jardins de Reuilly o máximo de figuras políticas possível. Estiveram ao seu lado os ex-ministros Philippe Martin, da Ecologia e do Desenvolvimento, e Dominique Bertinotti, da Família, os ambientalistas Yannick Jadot e Cécile Duflot e, do lado dos comunistas, Fabien Guillaud-Bataille, líder local do Partido Comunista Francês e Christian Picquet, fundador da Esquerda Unida.

Segundo os analistas ouvidos pela imprensa francesa, Hamon deverá levar para este novo movimento algumas das ideias mais populares que marcaram a sua candidatura presidencial, como a questão da proteção ambiental e do aumento das ferramentas de participação cívica e democrática dos franceses. No entanto, adverte Guillaume Balas, deputado europeu pelo Partido Socialista que participou na organização do movimento, as respostas não devem ser necessariamente aquelas feitas durante a campanha. Balas considera que o movimento tem que se construir “à volta de ideias”, para “criar raízes nos vários territórios franceses” e “conduzir uma luta ideológica e cultural da nossa visão de mundo”. O eurodeputado evoca até o nome de Antonio Francesco Gramsci para chamar a um “novo gramscismo”. O escritor, político e dissidente marxista, que teorizou sobre a forma como a burguesia utiliza as instituições para exercer poder sobre o resto da população.

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