Assunção Cristas em Nelas e Passos Coelho em Proença-a-Nova. Quase 200 quilómetros de distância mas uma coisa a uni-los: as crítica ao governo de António Costa pela forma como está a lidar com o rescaldo do incêndio de Pedrógão Grande e com o roubo de armamento dos paióis em Tancos.

Em Nelas, onde foi acompanhar a candidatura de Manuel Marques, candidato do CDS à câmara local, a líder dos centristas admitiu ter dúvidas quando à exoneração dos cinco comandantes que teriam sobre si a responsabilidade de assegurar a inviolabilidade dos armazéns de armas e criticou o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, por reconhecer responsabilidade política “simplesmente porque exercia o cargo” mas dai “não retirar nenhuma consequência”.

O CDS já pediu uma audição Parlamento que deverá acontecer na quarta-feira e que o PS viabilizou. Azeredo Lopes terá então que prestar todos os esclarecimentos pedidos pelos deputados mas isso não descansa Assunção Cristas. “Neste momento acho incontornável dizer ao sr. primeiro-ministro que ele tem que dar uma palavra e tem que dizer a todos os portugueses e a todos os países amigos que olham para Portugal e que, certamente, estão preocupados que isto não voltará a acontecer”. A líder do CDS considera “impressionante a degradação da confiança nas instituições que tratam da nossa segurança e da nossa defesa”.

Sobre as conclusão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que afasta a possibilidade de que tenha sido um raio a causa dos incêndios, Assunção Cristas disse que “continua à espera das respostas” às perguntas “detalhadas” e feitas “diretamente” ao primeiro-ministro, António Costa. A líder não vê “respostas firmes nem consistente” da parte do governo “mas sim uma grande cacofonia “.

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Já Passos Coelho, a partir de Proença-a-Nova, onde esteve na apresentação de Helena Mendonça à câmara da localidade, também passou boa parte do seu discurso a pedir responsabilidades ao governo. Passos disse que as pessoas estão a “entrar na época mais arriscada dos incêndios”, com “medo” porque “não sabem o que se passou, nem o que permitiu a dimensão trágica dos acontecimentos, nem perceberam que medidas o governo tomou ou está a tomar para evitar que qualquer dessas coisas possa repetir-se”.

Espanha divulga a lista de material roubado em Tancos

Admitindo que “há matérias que só a seu tempo serão apuradas, escrutinadas do ponto de vista técnico e que depois, sim, permitirão tirar conclusões do ponto de vista da responsabilidade técnica”, Passos diz não prescindir da discussão para “saber se o que aconteceu era evitável ou não era, e, se era, de quem é a culpa de não se ter evitado”. Criticando ainda o governo por aquilo que considera serem “versões contraditórias” dos vários organismos públicos responsáveis, o líder da oposição disse que “ninguém quer apresentar de forma unificada”. “Falar todos os dias sobre coisas que dominam pouco não tranquiliza ninguém”, acrescentou ainda Passos Coelho.

Quanto ao roubo de armamento em Tancos, Passos disse que os militares “são muito prontos a assumir responsabilidades” e que quando alguém coloca o lugar à disposição “isso nunca se faz para reconhecer uma fraqueza, faz-se sempre para recolher a autoridade que é necessária para fazer o que falta para a frente”. Este caso obriga o governo a definir-se, disse Passos, mas “também o Presidente da República que é, segundo os termos da Constituição, o Comandante em Chefe das Forças Armadas”.

Quase no fim da sua intervenção, Passos Coelho revelou-se “atónito” com as revelações, por parte do jornal El Español, de todo o material que terá desaparecido dos paióis de Tancos.