Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares reconhece que, “objetivamente”, o último mês foi o mais complicado no primeiro ano e meio de vida do Governo de António Costa. Pedro Nuno Santos considera, no entanto que, é um “erro” juntar os incêndios de Pedrógão ao assalto aos paióis de Tancos e recusa a ideia de que os ministros tenham de demitir-se por qualquer um dos casos. “As demissões, quando são pedidas, têm muitas vezes consequências perversas, que é criar a ilusão de que o problema está resolvido com a demissão”, defende o socialista.

O incêndio de Pedrógão Grande, que resultou em 64 mortes e mais de 200 feridos, e o assalto às instalações militares de Tancos, de onde foram levados explosivos, lança-rockets e granadas (entre outro material de guerra), foram os principais temas com que Pedro Nuno Santos foi confrontado. O secretário de Estado admite que o PS tenha feito um estudo de opinião em que tivesse sido avaliado o impacto das duas situações na imagem do Governo, mas recusa a ideia de que a iniciativa tenha partido do executivo. “É importante deixar claro que o Governo não encomendou um focus group“, ressalva.

De qualquer forma, reconhece que, “objetivamente”, este tem sido o período mais duro para o executivo. “Desde logo, porque tivemos, há duas semanas e meia, uma tragédia onde morreram 64 pessoas. E isso é uma tragédia que nos atinge a todos – e ao Governo também, em particular”. Depois, porque se deu um dos assaltos mais graves de que há registo a instalações militares em território nacional. Dois assuntos que, defende, não devem ser tratados em conjunto.

E que não têm necessariamente que conduzir a demissões. “Reparem que as demissões, quando são pedidas, têm muitas vezes consequências perversas, que é criar a ilusão de que o problema está resolvido com a demissão”, considera Pedro Nuno Santos, que vê nessa exigência uma “forma antiga de fazer política”.

Sobre o papel de Marcelo Rebelo de Sousa nestes episódios — e a possibilidade de o protagonismo assumido pelo chefe de Estado poder reforçar o tom presidencialista do seu mandato, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares considera que Portugal tem “um Presidente não só à altura das suas funções” mas, também, um responsável político que “percebeu qual é que é exatamente o papel do Presidente da República”.

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