A coordenadora do BE, Catarina Martins, assumiu esta sexta-feira o erro de um investimento maior na cultura estar ausente da posição conjunta assinada com o PS para a maioria parlamentar, justificando que as matérias consensuais não foram especificadas.

Na abertura do colóquio “Património Cultural: políticas públicas”, iniciativa promovida pelos bloquistas que decorre esta tarde no parlamento, Catarina Martins começou por afirmar que “há um problema que o BE deve assumir, que é complexo, que é político de base, que foi no quadro das posições conjuntas que foram feitas para a atual maioria parlamentar, a questão cultural estar ausente em boa medida”.

Estou aqui a reconhecer um erro de início, com o qual vivemos e que combatemos ativamente porque continuamos a considerar – e temos posto isso no topo das nossas prioridades – que é preciso existirem meios para a cultura em Portugal e que aquilo que foi promessa eleitoral de vários partidos tem de ser realidade no quadro da maioria que existe”, assumiu.

A coordenadora do BE explicou que “existia um entendimento nos programas eleitorais dos vários partidos – do BE, do PS, dos outros partidos também – sobre a necessidade de mais meios na cultura”. “E como sabem nós fizemos as posições conjuntas sobre temas em que não havia entendimento, como o regime conciliatório de despedimentos ou cortes nas pensões. Não especificamos as matérias e as metas em que aparentemente existia entendimento”, justificou.

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Catarina Martins vê-se assim obrigada a reconhecer que esse “entendimento não existia porque não foi possível, até agora, plasmar em Orçamento do Estado um investimento maior na cultural”. “O BE não baixa os braços para essa matéria nem considera que o assunto esteja encerrado”, avisou.

A líder bloquista admitiu que o partido tem “tido alguma dificuldade em tornar as questões da cultura visíveis”, apesar do empenho que tem nesta matéria. Concretamente sobre a questão do património, Catarina Martins sublinhou que “há dois novos problemas e dois antigos”.

Os novos passam pela “enorme pressão do turismo sobre o património”e pelo facto de “nunca os serviços terem estado tão fragilizados”.

“Nunca houve tão poucos técnicos com tantos dossiês. Sente-se hoje como nunca se sentiu o depauperamento dos serviços face ao aumento da exigência”, concretizou.

Entre os “problemas de sempre” do património estão – para lá do orçamental – a questão da “própria tutela e da forma como ela foi desmantelada” e o erro de “não se pensar o património com as comunidades em que ele está inserido”.

Alertando para a necessidade de “soluções novas tanto para os problemas novos como para os problemas de sempre”, Catarina Martins disse estar “muito preocupada com o que está a acontecer ao património em Portugal”.

“Não estaremos nós a condenar o património a duas realidades: ou Disney ou abandono”, questionou.