Em 2014 nasceram 82.367 bebés em Portugal; no ano seguinte, 85.500; e um mais tarde, 87.126. A confirmar-se a tendência registada no primeiro semestre de 2017, este será o ano em que a taxa de natalidade volta a baixar: até dia 30 de junho, só 41.689 bebés — menos 1.069 do que em igual período do ano passado, uma média de menos seis por dia — foram submetidos ao “teste do pezinho”. Os dados são do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e estão a ser avançados esta sexta-feira pelo Jornal de Notícias.

Porque o Programa Nacional de Diagnóstico Precoce é recomendado mas não obrigatório; e também porque, dizem as estatísticas nacionais, a maior parte dos nascimentos até acontece entre os meses de Julho e Dezembro, estes números devem ser avaliados com cuidado e as contas finais só devem ser feitas no final do ano, avisam várias especialistas contactadas pelo jornal.

“É muito prematuro para falar seja do que for. As tendências não se medem por um ou dois anos. Na altura [quando os nascimentos começaram a subir], alertei que, porventura, não seria uma alteração de tendência, mas teria antes a ver com os nascimentos adiados. Esse adiar por causa da crise poderá ter estado na origem da ligeira recuperação nos últimos dois anos”, diz Maria João Valente Rosa, demógrafa e diretora da Pordata.

De acordo com a base de dados, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, Portugal tem a taxa de fecundidade mais baixa da União Europeia — 36% contra 57,8% da Irlanda. As portuguesas são mães pela primeira vez aos 30,3 anos — em 1980 a média fixava-se nos 23,6. A taxa bruta de natalidade, que em 1960 era de 24,1%, em 2016 ficou em 8,4%.

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