O primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, chegou este domingo à cidade libertada de Mossul e felicitou os combatentes pela “grande vitória alcançada” perante os combatentes do grupo jiadista auto-proclamado Estado Islâmico.
“O comandante-chefe das forças armadas, Haider al-Abadi, chegou à cidade libertada de Mossul e felicitou os combatentes heroicos e o povo iraquiano pela grande vitória”, diz o comunicado divulgado este domingo pelo gabinete do primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi.
A derrota do auto-proclamado Estado Islâmico (EI) naquele que era o seu principal bastião no Iraque foi oficializada este domingo, mas já se adivinhava há algumas semanas. No passado 29 de junho, Al-Abadi já tinha avisado, via Twitter, que o fim estaria próximo: “Estamos a assistir ao fim do falso Estado do Daesh, a libertação de Mossul prova-o. Não vamos ceder, as nossas bravas forças trarão a vitória”.
No norte do país e a cerca de 400 km da capital, Bagdad, Mossul foi ocupada pelo Daesh há cerca de 3 anos, ao longo dos quais se sucederam inúmeras notícias sobre massacres da população, crianças, mulheres e idosos incluídos. As forças do exército iraquiano, apoiadas por uma coligação internacional encabeçada pelos Estados Unidos, começaram a operação de reconquista em outubro de 2016, tendo libertado a zona oriental da cidade em janeiro passado. Desde então, estima-se que mais de um milhão de pessoas tenha sido deslocado, na fuga dos confrontos.
Este sábado várias notícias davam conta da intenção expressa pelos soldados do Daesh ainda na cidade de “lutar até à morte”. Outras já davam conta dos festejos dos soldados iraquianos.
PM Al-Abadi arrives in Mosul to announce its liberation and congratulate the armed forces and Iraqi people on this victory pic.twitter.com/bUtkj7z88A
— Haider Al-Abadi حيدر العبادي (@HaiderAlAbadi) July 9, 2017
Esta manhã, porém, o comandante das Forças Antiterroristas iraquianas, Ali Awad, assegurou à agência espanhola EFE que alguns combatentes do EI estavam a oferecer resistência na zona de Al Midan, o último reduto dos radicais na localidade do norte do Iraque, acrescentado que os combates estavam a ser muito violentos e que na zona permanecem ainda centenas de famílias.
No sábado, o porta-voz do Comando de Operações Conjuntas, Yehia Rasul, perspetivava uma “vitória frente ao grupo terrorista nas próximas horas, depois de limpar [de explosivos] todas as zonas de Mossul”, admitindo que os confrontos com os elementos do EI prosseguiam em Al Maidan e noutras zonas muito limitadas na parte antiga da cidade.
A operação de reconquista da cidade de Mossul arrancou em outubro de 2016, quando a coligação internacional de combate contra o Estado Islâmico mobilizou perto de 100 mil militares para retomarem o controlo da cidade. Uma força composta por cerca de 54 mil membros das forças iraquianas, 40 mil combatentes curdos, 14 mil membros das forças paramilitares da região — onde estão cristãos, sunitas, xiitas, turcos, forças yazidi e mílicias turcomenas –, auxiliada por cerca de 500 operacionais das forças especiais norte-americanas e pela aviação ao serviço da coligação internacional, lutou durante quase um ano pelo controlo da cidade.
Depois das sucessivas derrotas que sofreu durante 2016, o Estado Islâmico tinha em Mossul o seu último bastião no Iraque. Por isso, a derrota da organização terrorista na cidade é um golpe decisivo no sentido da recuperação do controlo total do país por parte do governo iraquiano.
Sendo a segunda maior cidade do Iraque, Mossul é um ponto estratégico no controlo do país. Como o Observador explicava no início da ofensiva a Mossul, a cidade é sobretudo importante, primeiro, pelos seus campos de petróleo — e pelo oleoduto que liga o país à Turquia; depois, por ser a maior cidade industrial do país; e, ainda, por ser uma passagem vital entre o Iraque e os países vizinhos.
Os próximos meses serão agora de grandes incertezas. Quase toda a cidade está em ruínas e os milhares de pessoas que fugiram de Mossul para campos de refugiados noutras partes do país, para se salvarem, vão encontrar as suas casas completamente destruídas, recorda o The Washington Post, recordando como dezenas de pessoas morreram após passarem semanas inteiras sem comida e sem água a tentar fugir dos extremistas islâmicos que invadiam a cidade.