A 17 de maio era notícia que Lucinda Chambers, diretora da Vogue britânica durante 25 anos, estava de saída. A sua partida deixou muitos de boca aberta, mas o fator surpresa estava longe do fim. No início deste mês, Chambers contou em entrevista que, depois 36 anos a trabalhar na mesma publicação, foi despedida no decorrer de uma conversa de três minutos. “Ninguém no edifício sabia que o despedimento ia acontecer”, disse, à exceção de quem o fez — o novo diretor, Edward Enninful, o qual chamou para a nova equipa nomes tão pesados como Kate Moss, Naomi Campbell e Steve McQueen, no papel de editores colaboradores.
Quando a entrevista foi divulgada, a publicação online de moda Vestoj viu-se forçada a apagá-la temporariamente de tanta que foi a polémica. Entretanto o artigo foi reposto, embora se leia em nota do editor que, depois de terem sido contactados por advogados, a entrevista original sofreu algumas alterações — quais não sabemos. Edições de texto à parte, são muitas as frases polémicas da ex-diretora, das quais reunimos as que podem ser consideradas as mais impactantes.
- “Há poucas revistas de moda que nos fazem sentir empoderadas. A maior parte delas deixam-nos totalmente ansiosas, por não darmos o tipo de jantar certo, por não pormos a mesa da forma correta ou conhecer as pessoas certas. Verdade seja dita, há anos que não lia a Vogue.”
- “Não nos é permitido falhar na indústria da moda, sobretudo na era das redes sociais, onde é tudo sobre como levar uma vida de sucesso e incrível.”
- “Consegue-se ir longe na indústria da moda se tivermos um look fantástico e confiante (…) Honestamente, conseguimos ir muito longe só com isso. A moda está cheia de pessoas ansiosas. Ninguém quer ser a pessoa que fica de fora.”
- “Os homens de negócio querem que os criativos ajam como homens de negócios; todos querem mais e mais, cada vez mais depressa. As grandes empresas exigem demasiado dos seus designers. É muito difícil. Esses designers vão ter problemas de bebida e de droga. Eles vão ter colapsos nervosos. É demasiado pedir a um designer para fazer oito, em alguns casos 16, coleções por ano. Eles fazem-nas, mas fazem-nas mal — e depois são despedidos. Falham de uma forma muito pública.”