O primeiro-ministro convocou para terça-feira uma reunião sobre segurança em instalações militares com o chefe do Estado Maior das Forças Armadas e com os chefes dos três ramos militares: Exército, Marinha e Força Aérea. António Costa vai pedir informações sobre o estado em que se encontram as instalações mais sensíveis de cada um dos ramos e recolher informações sobre aquilo que está a ser feito para prevenir novos casos como o de Tancos, apurou o Observador.

Segundo fonte oficial do Governo, na reunião, que foi agendada para as 17h00 na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, estará também presente o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e os chefes de cada um dos ramos. Fonte do gabinete do ministro da Defesa considera o encontro “bastante positivo”. A reunião, convocada pelo primeiro-ministro, servirá para António Costa “informar-se sobre quais as situações” relativamente às quais o Exército, a Força Aérea e a Marinha manifestam mais preocupações “e ter contacto direto com ministro e com as chefias militares”.

Acabado de chegar de férias, o primeiro-ministro quer tomar as rédeas a um processo sensível que abriu brechas no seio do Exército. Dois generais apresentaram, no final da semana passada, pedidos de exoneração: José Calçada, comandante de Pessoal do Exército, demitiu-se este sábado por “divergências inultrapassáveis” com o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), e Faria Menezes, comandante operacional das Forças Terrestres, fez o mesmo esta segunda-feira. Os pedidos surgiram em consequência da exoneração, por ordem do CEME, de cinco comandantes com responsabilidades na segurança dos Paióis Nacionais de Tancos.

Em São Bento estarão o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Artur Pina Monteiro, o CEME, general Rovisco Duarte, o chefe de Estado-Maior da Força Aérea, general Manuel Teixeira Rolo, e o chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Silva Ribeiro.

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Neste momento, e depois do episódio de Tancos em que foram furtadas centenas de peças de material de guerra — entre granadas, lança-rockets, explosivos, munições e outros –, os três ramos têm em curso uma operação de reavaliação dos mecanismos de segurança nas respetivas estruturas mais sensíveis.

“Estamos a revalidar procedimentos estabelecidos e a avaliar se são os mais adequados e, se julgarmos que os procedimentos estão adequados, não vamos sentir necessidade de os alterar”, refere ao Observador fonte oficial da Força Aérea. Essa avaliação é, segundo a mesma fonte, feita “com frequência”, mas a verdade é que o episódio de Tancos fez disparar o alarme.

Esse processo foi, aliás, determinado por um despacho do ministro da Defesa. A 2 de julho, dias depois do assalto em Tancos, Azeredo Lopes determinava que os três chefes militares deviam, “no quadro da garantia dos meios e das condições necessárias ao cumprimento dos planos de segurança aprovados, aos diversos níveis, dar prioridade às áreas relacionadas com a segurança do material de guerra, nomeadamente armamento e munições explosivos”. Os generais e almirante tinham, a partir dessa data, 30 dias para apresentar à tutela relatórios com a informação sobre as condições em que é armazenado o material de guerra.

Ao mesmo tempo, a Inspeção-Geral da Defesa Nacional está a realizar uma “inspeção extraordinária aos procedimentos e às condições de segurança” neste âmbito. Neste caso, o relatório com as respetivas conclusões deve ser entregue a Azeredo Lopes até ao início de setembro.