Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, não combinaram criar uma unidade conjunta sobre cibersegurança na reunião que mantiveram à margem da Cimeira do G20, declarou esta segunda-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Ninguém prometeu nada, apenas foi constatada a disposição para trabalhar nesse sentido”, disse Peskov.

Esta declaração surge depois de alguma incerteza em torno do que foi combinado pelos dois presidentes em matéria de cibersegurança.

Trump disse inicialmente ter discutido com Putin a criação de “uma unidade impenetrável de segurança cibernética”, mas, horas depois, afirmou que a cooperação russo-norte-americana em cibersegurança não é possível.

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As suspeitas de interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, sob investigação pelo FBI e pelo Senado, baseiam-se precisamente em indícios da entrada de ‘hackers’ (piratas informáticos) russos nos computadores do Partido Democrata. Por essa razão, o ‘tweet’ de Donald Trump anunciando a disposição para criar, com a Rússia, uma “unidade de cibersegurança”, foi recebido com críticas nos Estados Unidos.

“Não é a ideia mais estúpida que já ouvi, mas anda lá perto“, comentou o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, no programa “Meet the Press” da televisão NBC.

O congressista democrata Adam Schiff, da Califórnia, disse ao programa “State of the Union” da CNN que seria “perigosamente ingénuo” esperar que a Rússia seja um parceiro credível em qualquer iniciativa de cibersegurança.

O presidente norte-americano voltou a twittar sobre o assunto, no domingo à noite, tendo escrito que só por ter abordado a ideia com Putin “não quer dizer que possa acontecer”. “Não pode”, escreveu.

Outro senador republicano, Marc Rubio, da Florida, escreveu no Twitter que associar-se a Putin numa “unidade de cibersegurança” equivale a associar-se ao presidente sírio, Bashar al-Assad, numa “unidade de armas químicas”.

A ideia foi defendida pela embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, que assegurou que trabalhar com a Rússia “não significa confiar na Rússia”.

“Nós não confiamos na Rússia e nunca vamos confiar. Mas devemos manter perto de nós aqueles em quem não confiamos, para podermos sempre estar a par do que fazem”, disse a embaixadora ao programa “State of the Union”, da CNN, citada pela agência Associated Press.

Após a reunião bilateral que manteve com Putin na sexta-feira, à margem da Cimeira do G20 em Hamburgo, Donald Trump afirmou que “está na altura de avançar e trabalhar construtivamente com a Rússia”.