A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, disse esta quarta-feira ter esperança na desconvocação da greve da classe prevista para a próxima semana, alegando existirem “grandes esforços” do Governo para a criação de uma carreira profissional.

“Temos muita esperança que a greve possa ser desconvocada, porque estão a haver grandes esforços do Governo e do Ministério da Saúde para a questão da carreira”, afirmou à agência Lusa Ana Paula Martins, à margem de uma visita ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).

A responsável considerou que “não há nenhuma razão para que a carreira não seja aprovada, muito brevemente, nos próximos dias, em Conselho de Ministros”, realçando que “está tudo acordado” entre as partes.

A decisão é do sindicato, mas estou convencida que, assim que o Governo der uma garantia formal do agendamento do diploma em Conselho de Ministros, o sindicato e a sua direção tomarão as devidas providências para cancelar a paralisação”, disse.

Os farmacêuticos têm marcada uma greve marcada para entre as 00h00 do dia 18 e as 24h00 horas do dia 19 deste mês para exigir a imediata publicação da carreira farmacêutica, já negociada com o Ministério da Saúde e consequente criação de uma carreira para os profissionais em regime de Contrato Individual do Trabalho (CIT).

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Convocada pelo Sindicato Nacional dos Farmacêuticos e com o apoio da Ordem, a greve pretende ainda protestar e denunciar a precariedade e falta de estabilidade no emprego, a insuficiência de quadros nos serviços, a falta de abertura de vagas para formação pós-graduada e as más condições de trabalho nos serviços farmacêuticos.

A bastonária frisou que “o sindicato não convocou uma greve para [exigir] aumentos salariais“, sublinhando que a criação de uma carreira para os profissionais “não tem um cêntimo de impacto orçamental no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

É uma questão para garantir a continuidade da formação, da qualificação e da organização dos serviços, que tiveram de se adaptar a novas tecnologias, a novos medicamentos e medicamentos para oncologia muito mais avançados e tudo isto exige muita formação e um internato específico”, notou.

Promovidos pela Ordem, os Roteiros Farmacêuticos, que incluem visitas por onde os profissionais exercem a sua atividade, passou hoje por Évora, com visitas ao HESE e à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, entre outros locais.

O SNS está, ao longo dos últimos anos, a viver dificuldades crescentes, não só pela crise económica que afetou todos os portugueses, mas também pela própria modernização, que é tecnológica e dos recursos humanos”, observou.

Ana Paula Martins salientou que as dificuldades nos hospitais resultam do facto de, durante muitos anos, “ter havido, não só subfinanciamento, mas também falta de financiamento adicional para responder a necessidades que são emergentes“.