O Estado português comprometeu-se com o pagamento de uma taxa de juro inferior a 4% por dívida a 28 anos (3,98%), numa emissão dupla de dívida de longo prazo realizada esta quarta-feira. O IGCP emitiu apenas 315 milhões de euros no prazo mais longo, o que ajudou a manter a taxa de juro abaixo de 4%. No prazo mais curto, a 10 anos, foram colocados 685 milhões de euros, com uma ligeira subida das taxas — de 2,9% pagos em junho para, agora, 3,1%.

No total, foram colocados os 1.000 milhões de euros pretendidos. No dia em que no parlamento se debate o Estado da Nação, o IGCP aproveitou para avançar com uma emissão de dívida com prazos longos, ainda que com montantes limitados. A emissão a 28 anos foi uma reabertura de uma linha de obrigações do Tesouro a reembolsar em 2045, que foi inaugurada no início de 2015, ainda no Governo de Pedro Passos Coelho.

A emissão de dívida surgiu poucos dias depois de a agência Fitch ter voltado a atribuir uma perspetiva “positiva” para o rating português (de lixo), algo que já tinha feito em 2015 mas decidiu, depois, despromovê-lo para “estável”. A decisão no sentido de avançar para esta emissão também pode justificar-se pelas perspetivas de que os juros venham a subir na zona euro, de um modo geral, depois de o presidente do BCE ter, em Sintra, dado a entender que irá haver, em breve, uma desaceleração dos estímulos monetários à economia.

Nos últimos dias, esse efeito tem levado as taxas de juro na zona euro a subirem, incluindo Portugal, daí que o IGCP tenha optado por avançar já com uma colocação de dívida para garantir custos de financiamento mais baixos, antes que as taxas de juro subam mais.

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Os investidores têm, por outro lado, olhado para Portugal com melhores olhos — o Nomura, por exemplo, disse esta semana que estava a aumentar de forma “significativa” a exposição à dívida portuguesa. O Nomura é um dos bancos de investimento que são “primary dealers” da dívida portuguesa, isto é, instituições que podem participar nestes leilões de dívida e que, depois, escoam os títulos para os investidores.

Em comparação, o Tesouro espanhol pagou recentemente 2,9% para emitir dívida com um prazo semelhante, a cerca de 30 anos. A 10 anos, o país vizinho paga cerca de 1,66%, ou seja, pouco mais de metade do que paga Portugal.

Quando esta linha de obrigações foi inaugurada, em janeiro de 2015, não foi por leilão mas, sim, através de uma emissão sindicada. Os juros, em termos absolutos, nessa altura, foram ligeiramente maiores (a taxa foi de 4,1%), com a emissão de dois mil milhões de euros junto de investidores internacionais.

Juro a 30 anos ficou em 4%, igual à taxa, em 2012, a três meses