Aquele que em tempos foi o hotel mais antigo de Évora é agora o mais recente. A mudança trouxe também um upgrade: onde morava a Pensão Policarpo fica desde este mês o The Noble House, um boutique hotel de luxo com 24 quartos, alguns deles atravessados pela muralha romana ou com as paredes forradas a azulejos do século XVII.

“Estamos no centro histórico de Évora e este edifício está ele próprio recheado de história”, explica Miguel Velez enquanto se debruça no terraço branco e aponta para a fachada de quatro andares. Velez é CEO e fundador da Unlock Boutique Hotels, uma nova rede de hotéis de charme que detém, entre outros, o Monverde Wine Experience, em Amarante, a Casa Melo Alvim, em Viana do Castelo, e agora o The Noble House.

“Como o nome indica, esta é uma casa nobre e pertencia aos condes de Lousã”, conta Miguel Velez, datando a sua construção entre o século XV e XVI. Nos últimos 50 anos funcionou como Pensão Policarpo, nome familiar a qualquer eborense, e a antiga placa de ferro, gasta pelo tempo, foi mesmo pendurada num dos corredores do novo hotel para o lembrar. De resto, pouca coisa ficou do antigo estabelecimento. Adquirida em novembro pela Unlock, a propriedade foi alvo de obras profundas e de uma renovação assinada pelo arquiteto Fernando Coelho (responsável também pelo Cella Bar, nos Açores) que passou não só por dotar todos os quartos de casa de banho mas sobretudo por evidenciar os enormes tetos abobadados, o portal brasonado, os azulejos antigos, o tijolo burro, o mosaico hidráulico, os pedaços de muralha romana e os janelões abertos para o casario de Évora e a planície.

O hotel não tem restaurante mas tem uma sala luminosa para os pequenos-almoços com o teto abobadado e um terraço. © Pedro Sampayo Ribeiro/Divulgação

A própria decoração foi pensada para fazer brilhar a arquitetura senhorial ou o que é tipicamente alentejano, com secretárias em madeira maciça a contrastarem com o branco dos quadros, cadeirões e candeeiros de design, mantas de Reguengos de Monsaraz aos pés da cama, potes de barro com ramos de alfazema em cima das mesas ou até uma parede, na antiga cozinha, em que seis chapéus de palha fazem as vezes de quadros.

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“Todos os quartos são diferentes”, garante Miguel Velez, e todos foram batizados com algo que os distingue, seja o teto em vigas de madeira, no “Alentejo”, os tetos pintados, no “Frescos”, a varanda de mármore, no “City Balcony” ou os azulejos antigos, no “Tiles”.

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Quando os chapéus alentejanos fazem de quadros

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A 220 metros da Sé Catedral de Évora (que se vê das janelas da entrada principal) e a 400 metros da Praça do Giraldo, em duas semanas de abertura o hotel já tem sido procurado por vários turistas que querem descobrir Évora a pé e possui algo precioso numa zona onde o estacionamento é condicionado ou reservado a residentes: parque de estacionamento. Restaurante não há, mas há uma sala luminosa com terraço para servir os pequenos-almoços e os funcionários são os primeiros a sugerir alguns dos bons restaurantes da zona, do mítico Fialho à Taberna Típica Quarta Feira, passando pela Tasquinha do Oliveira e a Enoteca da Cartuxa, propriedade da também vizinha Fundação Eugénio de Almeida.

Uma noite em quarto duplo com pequeno almoço incluído começa nos 93 euros e pode chegar aos 295, no caso da “Garden Suite”, a suite mais luxuosa, com direito a pátio e jardim particulares, como o nome indica, mas também a uma parede feita inteiramente de muralha e a tetos abobadados em ogiva. Afinal, esta é uma casa nobre, com certeza, e até já houve quem dissesse que a vista não está fora, mas dentro.

Nome: The Noble House
Morada: Rua da Freiria de Baixo, 16, Évora
Reservas: 266 247 290, hotel.noblehouse@unlockhotels.com
Preços: Quarto duplo a partir de 93€

O Observador ficou alojado a convite do The Noble House.