Lista única, mas não unanimidade. Já há apelos para que exista um candidato à liderança da bancada do PSD com mais currículo. Após ser conhecida a equipa de Hugo Soares, uma deputada social-democrata, Maria Tender, enviou um e-mail a todos os restantes 88 colegas (incluindo o líder Passos Coelho) para partilhar a “preocupação e incredulidade ao ver aproximar-se a eleição do líder parlamentar da nossa bancada sem que tenha surgido uma candidatura alternativa à do Hugo Soares.” Mas há mais descontentes: ou por não ter havido renovação na direção ou por preferirem alguém com um perfil mais próximo de Marco António Costa.

A deputada, eleita pelo círculo de Vila Real, destaca — no apelo enviado aos colegas do grupo parlamentar ao qual o Observador teve acesso — que a bancada do PSD, com “gente de muito valor, de grande experiência política e não só, com brilhantes currículos, de credibilidade, solidez e competência inquestionáveis, grandes ativos do PSD” e que, por isso, entende que “deviam ser incentivados, nesta fase tão complexa da vida do Parlamento, do partido e do país, a assumir a liderança da nossa bancada, para enfrentar eficazmente os difíceis combates que se adivinham e avizinham”. A deputada sugere assim que Hugo Soares não tem essas características.

Isto embora destaque que respeita “todos os colegas” e que “nada de pessoal” a “move contra o Hugo Soares”. Porém, apela a que apareçam novas candidaturas, já que “era mais enriquecedor e sinal de vitalidade mobilizadora e democrática ter uma ou mais candidaturas alternativas que melhor representem as expectativas do grupo parlamentar, dos militantes do PSD e dos portugueses”. A deputada termina da seguinte forma:

Apelo, assim, à iniciativa entusiástica doutros colegas, em tempo útil, que proporcione múltiplas opções de eleição e não a simples resignação.”

A preferência por Marco António Costa

O deputado do PSD e ex-líder distrital de Aveiro, António Topa, apontado como um dos insatisfeitos com esta candidatura única, admite ao Observador que “via com bons olhos uma candidatura de Marco António Costa“. António Topa conta: “Falei pessoalmente com Marco António a perguntar se ele ia ser candidato e dizer-lhe que, se fosse, o apoiava. Mas como ele não avançou, como sei que o Hugo Soares está cheio de vontade, disse que o apoiava”.

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O antigo líder da distrital de Aveiro entende que Marco António “tem excelentes qualidades para ser líder parlamentar e, possivelmente, Hugo Soares, como esteve três mandatos como vice-presidente de Luís Montenegro, também terá.”

Três outros deputados sociais-democratas contactados pelo Observador admitiram estar em desacordo com a forma como o processo foi conduzido, mas não quiseram falar em on, pois consideram que seria inconsequente e impossível de travar a candidatura de Hugo Soares. “Só ia criar ruído, não há nada a fazer“, disse um. “Posso não concordar com tudo, mas estar a fazer oposição na bancada só por fazer, é fazer o jogo do PS“, acrescentou outro.

Alguns deputados ficaram ainda desiludidos por na nova composição da liderança da bancada não ter havido quase renovação. A lista candidata à direção do grupo parlamentar é encabeçada por Hugo Soares e mantém nove dos vice-presidentes de Montenegro: António Leitão Amaro, Carlos Abreu Amorim, Miguel Santos, Adão Silva, Amadeu Albergaria, Luís Leite Ramos, Sérgio Azevedo, Berta Cabral, Nuno Serra e Miguel Morgado. Como novos vice-presidentes entram José Cesário (um homem do aparelho e próximo de Miguel Relvas) e Margarida Mano, que foi ministra da Educação no governo relâmpago de Passos Coelho, antes de o programa de Governo ser chumbado no Parlamento.