O particular entre Sporting e Basileia começou com 15 minutos de atraso. Muito trânsito? Outro tipo de condicionamentos? Nem se percebeu ao certo o que se passou. Mas para evitar tráfego a mais no meio-campo e testar novas soluções, Jorge Jesus avançou pela primeira vez com um esquema tático alternativo: três centrais, duas unidades a fazerem todo o corredor direito e esquerdo, dois médios no centro e três avançados. Em campo, era qualquer coisa como um 3x4x3, que de quando em vez (muito raramente e sem estar previsto, pelo que se percebeu) passava a 3x5x2 quando Alan Ruíz descia um pouco mais para procurar bola. Os leões perderam, por 3-2, mas não foi por isso da tática ou da estratégia: é que os três golos sofridos pareciam mesmo uma coisa para os apanhados…

Ficha de jogo

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Basileia-Sporting, 3-2

Jogo particular

Estádio Gréves, em Delley-Portalban (Suíça)

Sporting: Azbe Jug (Pedro Silva, 86′); Tobias Figueiredo, Coates (André Pinto, 46′), Mathieu (Palhinha, 66′); Piccini (André Geraldes, 66′), Petrovic (Battaglia, 46′), Bruno Fernandes (Mattheus Oliveira, 46′), Jonathan Silva (Bruno César, 46′); Podence (Matheus Pereira, 66′), Alan Ruíz (Iuri Medeiros, 46′ e Gelson Dala, 86′) e Bas Dost (Doumbia, 46′)

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Bas Dost (28′, g.p.), Delgado (34′), Steffen (43′), Matheus Pereira (77′) e Bua (80′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Alan Ruíz (39′)

Até aos 28 minutos, o encontro foi disputado com relativa intensidade mas não teve grandes oportunidades. Pelo menos daqueles lances flagrantes de meter as mãos na cabeça (quando se falha) ou no ar (quando se marca). Foi aí que Alan Ruíz foi travado em falta na área por Akanji e Bas Dost apontou, de penálti, o primeiro golo.

No entanto, foi sol de pouca dura. Prepare-se, eis o primeiro capítulo de um qualquer programa dos apanhados: numa bola dividida em velocidade, Ricky van Wolfswinkel, avançado que passou (com êxito) por Alvalade, agarrou Tobias Figueiredo, enrolou-se no defesa adversário, caiu, ficou a olhar para o árbitro e teve como sorte grande a marcação de um penálti. Um lance com nota artística mas que ainda agora ninguém consegue perceber o porquê de ter sido falta do jogador do Sporting. Delgado, chamado a converter o castigo máximo, fez o empate aos 34′.

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Mas ainda haveria mais, antes do intervalo. Prepara-se, eis o segundo capítulo de um qualquer programa dos apanhados: no seguimento de um cruzamento da direita, Azbe Jug parece ter sido atrapalhado pelo sol e não conseguiu agarrar uma bola fácil ao segundo poste. Steffen, que andava ali por perto, agradeceu a oferta e empurrou para a baliza, dando vantagem ao Basileia a dois minutos do intervalo.

Conclusões deste lado B dos leões durante os primeiros 67 minutos: os laterais, que neste caso foram Piccini e Jonathan Silva (depois também andou pela esquerda Bruno César), precisam ter um peso muito maior em termos ofensivos, para conseguirem os desequilíbrios que rarearam; os centrais acabam por ficar mais expostos e, neste particular, Mathieu fez o seu pior encontro desde que chegou ao Sporting; e as unidades ofensivas, como Alan Ruíz, necessitam de apostar mais ou no jogo entre linhas ou nas deambulações para as alas, criando superioridade com as subidas dos laterais. A teoria que se viu é aceitável. E já vimos funcionar noutras equipas. No caso verde e branco, também pela falta de rotinas com esta estratégia, teve um problema: a equipa não defendeu melhor do que é costume nem criou mais perigo na frente de ataque.

Jorge Jesus promoveu algumas alterações ao intervalo sem mexer neste esquema. Podence, um dos poucos elementos da frente que ficaram na equipa, continuou a ser o maior desequilibrador, mas foi do Basileia a oportunidade mais perigosa, com Steffen a levar a bola ao poste de Azbe Jug. Aos 67 minutos, o Sporting mudou. Passou para um também pouco usado 4x3x3, com dois homens aberto nas alas (Iuri Medeiros e Matheus Pereira), apenas um avançado (Doumbia) e Mattheus Oliveira a completar o triângulo do meio-campo ao meio. Dez minutos depois, Iuri Medeiros cruzou da direita e Matheus Pereira apareceu na área a cabecear para o empate.

Ainda os jogadores do Sporting comemoravam o golo e já Jesus chamava à atenção quem estava dentro de campo. “Quero quatro, quatro!”, apontando para a zona do meio-campo. Os leões desdobravam-se então num 4x4x2, algo que se perceberia melhor quando Gelson Dala entrou em campo. Último forcing para conseguir a vitória? Nem por isso. Porque, prepare-se, eis o terceiro capítulo de um qualquer programa dos apanhados: André Geraldes atrasou com pouco força para Azbe Jug, o guarda-redes também não saiu da forma mais ortodoxa aos pés de Bua e o Basileia, sem fazer nada por isso, chegou mesmo ao 3-2 aos 80′.

Iuri Medeiros e Bruno César ainda estiveram perto do empate, mas o Sporting somaria mesmo a segunda derrota consecutiva no estágio que está a realizar na Suíça, depois do triunfo com o Fenerbahçe (2-1) e o desaire com o Valencia (3-0). Não foi o melhor teste dos leões, também não foi o pior. Uma coisa é certa: erros como os que resultaram nos golos do Basileia (um “externo”, dois próprios) vão custar ainda mais caro caso se voltem a repetir. Porque, para já, é tudo encarado de forma descontraída.

E foi por isso que, mais uma vez, os milhares de emigrantes presentes no recinto queriam era que o jogo acabasse para irem à caça de camisolas, autógrafos e fotografias dos jogadores verde e brancos.