A sétima temporada de Game of Thrones estreou finalmente em Portugal depois de mais de um ano de hiato e com ela mais dores de cabeça para os fãs da série, mais perguntas por responder, mais momentos épicos e, para sermos justos, mais momentos assim assim.

Sim, o regresso da série mais vista de sempre não foi alucinante — na verdade, não tinha de ser. Mas ajudou a lançar uma temporada que se espera a todos os níveis avassaladora. Até porque, como o Observador já tinha previsto aqui, a penúltima season de Game of Thrones ajudará a unir os vários laços que a série foi deixando por atar ao longo de seis temporadas.

Chegados a este ponto, o aviso é o de sempre: a partir daqui, já sabe. O alerta é repetido vezes e vezes sem conta, mas nunca é demais fazê-lo. Não há mais como evitar os spoilers. Se não quiser ser surpreendido pelos novos desenvolvimentos, não continue a ler este artigo. O aviso está feito.

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Arya Stark: A grande vendetta consuma-se. E agora?

Ok, é exagerado dizer que o primeiro episódio da sétima temporada teve um ritmo alucinante. Não teve. Mas quanto à primeira cena, meus senhores, estamos conversados. Arya Stark, a filha mais nova de Ned e Catelyn, continua a provar que aprendeu tudo que tinha a aprender com a estranha sociedade religiosa dos Homens sem Rosto. Para os não iniciados em Game of Thrones, o treino que Arya recebeu e que a tornou uma exímia assassina permite-lhe assumir praticamente qualquer identidade sem que ninguém descubra as diferenças.

A sexta temporada da série tinha terminado com o assassínio de Walder Frey e companhia às mãos de Arya, que degolou o patriarca da família, depois de ter servido os restantes membros em tartes feitas de carne humana. Uma vingança depois de os Frey, aliados dos Stark, terem traído e assassinado Robb Stark e a sua mulher grávida, assim como Catelyn, no famigerado episódio “Red Wedding”.

Alcançada a vingança, muitos esperavam que Arya seguisse em frente até ao próximo alvo. Mas eis que o primeiro episódio da sétima temporada começa com um bem humorado Walder Frey (na verdade, é a jovem disfarçada) a servir um banquete aos últimos homens leais aos Frey. A cena desenrola-se com naturalidade: à medida que Arya versão Walder Frey vai lembrando os crimes cometidos por aqueles mesmos homens contra o clã Stark, um a um, os Frey vão caindo, graças ao doce vinho misturado com veneno. As últimas palavras de Arya são dignas do momento: “Deixem um lobo vivo e as ovelhas nunca estarão a salvo. O Norte lembra-se“. Não foi tão visualmente espetacular como o Red Wedding, mas trouxe uma espécie de justiça divina aos fãs da série.

E agora? Quem será a próxima vítima de Arya? Os produtores colocaram a jovem loba a caminho de Porto Real, com o objetivo de matar Cersei Lannister. O rumo escolhido surpreende de alguma forma, já que muitos a colocavam a caminho de Winterfell, para um reencontro com o restante clã Stark — Jon e Sansa, mais precisamente.

Hipótese: Sem arriscar muito, o mais provável é que o percurso de Arya não seja assim tão linear. Mas a jovem loba é, neste momento, a personagem mais imprevisível da série.

Cersei e Jaime: O que farão os Lannister?

A sétima temporada marca também o regresso de Cersei Lannister, cada vez mais disposta a tudo para manter o Trono de Ferro. Isolados e rodeados por inimigos, os Lannister estão agora reduzidos a uma sombra do que eram e precisam desesperadamente de aliados.

Sem grandes surpresas, o primeiro episódio da sétima temporada acaba por comprovar uma hipótese que vinha ganhando força: Cersei Lannister vai tentar forjar uma aliança com Euron Greyjoy, o novo rei das Ilhas de Ferro, e dono e senhor da melhor frota de Westeros. Mas todas as alianças têm um custo.

Chegado a Porto Real, Euron Greyjoy revela o que pretende: um casamento com Cersei Lannister, que lhe permitiria ser rei consorte dos Sete Reinos. À primeira investida, Cersei rejeita, dizendo (com razão, acrescente-se) que Euron não é de confiança. Afinal, acabou de matar o irmão mais velho para tomar o trono.

Já Jaime, o irmão (e amante) de Cersei, parece ter finalmente percebido que a rainha está tomada pela loucura. No diálogo entre os dois, o Regicida não esconde o medo que sente em relação aos possíveis planos da rainha. Este núcleo de personagens pode trazer desenvolvimentos importantes para a série.

Hipótese: a história de amor entre Cersei e Euron não vai ficar por aqui. Quanto a Jaime, será que a história se repete? Jaime já matou um rei que era louco e que estava disposto a explodir a cidade de Porto Real para travar o avanço dos inimigos. Cersei já usou uma vez o fogo vivo e é bem possível que, quando encurralada pelos inimigos em Porto Real, o volte a tentar fazer. Será Jaime obrigado a intervir novamente, matando a irmã e pondo fim à sua própria vida? Seria um final digno de um vilão que se foi transformando em anti-herói.

Euron Greyjoy: Que presente trará a Cersei?

O rei das Ilhas de Ferro terminou a audiência com Cersei prometendo-lhe um presente capaz de comprovar a sua lealdade e utilidade, sem, no entanto, dizer qual era.

O cartão de visita de Euron é promissor: o novo player de Westeros arrisca-se a ser um dos maiores sociopatas que a série já produziuuma série que já deu os muy nobres Joffrey Baratheon e Ramsay Bolton. O mais provável é que Euron entregue a Cersei a cabeça de algum dos seus inimigos.

Hipótese: na verdade, as hipóteses são infinitas tal a horda de inimigos que Cersei conseguiu acumular em seis temporadas. Pode ser qualquer um: Ellaria Sand, Olenna Tyrell, um dos Stark…

Jon Snow: Até quando te aguentas, rapaz?

Já morreu uma vez por isso está aparentemente a salvo. Mas Game of Thrones já habituou os fãs da série a dizer “Valar Morghulis”, ou, em bom português, “todos os homens têm de morrer”.

O primeiro episódio da sétima temporada traz-nos Jon preocupado em restaurar o equilíbrio do Norte, juntando todos os homens e mulheres que conseguem empunhar uma espada em torno de um inimigo que vem do frio: os White Walkers. Ele que fora escolhido no final da última sexta temporada como Rei do Norte, apesar da sua meia-irmã Sansa Stark ser a legítima herdeira do trono familiar.

O facto de ter sido relegada para um segundo plano parece estar a deixar Sansa frustrada. Num primeiro momento, Jon viu a sua autoridade desafiada em frente a todos os seus vassalos e foi obrigado a dar um murro na mesa. Em breve, como promete a sinopse do episódio dois, Snow terá de lidar com uma revolta que, tudo indica, será alimentada e planeada por Petyr Baelish. Será que sobrevive novamente para contar a história?

O primeiro episódio da nova temporada trouxe outro ponto de destaque. Em breve, devem chegar a Winterfell corvos com boas notícias para Jon Snow: na Cidadela, Samwell Tarly (a sequência de imagens do candidato a Meistre teve tanto de brilhante como de repugnante) descobriu que a Pedra do Dragão tem uma enorme reserva de Vidro do Dragão, uma das poucas armas em todo o Westeros capaz de travar os White Walker. E quem é que já chegou a Pedra do Dragão? Daenerys Targaryen, pois claro. O reencontro entre os dois está cada vez mais próximo.

Hipótese: Jon Snow morreu e renasceu, viu os white walkers e o seu exército de mortos-vivos a dizimarem centenas dos seus companheiros e é agora um homem disposto a tudo para proteger o reino dos homens. Uma rebelião organizada por Baelish será muito provavelmente travada sem piedade, mas trará riscos para Snow. Já o aguardado encontro entre Jon e Daenerys, esse, não deverá acontecer tão cedo.

Daenerys Targaryen: Quando começa a derradeira luta pelo trono?

Foi um dos momentos altos do regresso de Game of Thrones e merecido para um núcleo de personagens que teve alguns dias de tédio nas últimas temporadas. Daenerys Targaryen chegou finalmente a Westeros depois de anos no exílio forçado e está disposta a tudo para conquistar aquilo que é seu por direito: o Trono de Ferro.

Como era igualmente expectável — o primeiro episódio da sétima temporada não foi pródigo em supresas — a Mãe dos Dragões atracou em Pedra do Dragão, casa dos Targaryen. O mesmo local de onde partiu Aegon, o Conquistador, quando unificou praticamente todo o território sob o domínio dos Targaryen.

Daí a simbologia da chegada de Daenerys a uma casa que sempre pertenceu à sua família. E a especial importância das suas últimas palavras, enquanto percorria com os dedos a mesma mesa usada pelo seu antepassado quando conquistou seis dos sete reinos de Westeros: “Podemos começar?”. A pergunta que se impõe é: para quando o grande confronto entre os dois grande blocos militares de Westeros?

Hipótese: o presumível e aguardado embate entre as duas rainhas, Daenerys e Cersei, será um dos momentos altos da temporada, pelo que é pouco provável que aconteça nos próximos episódios. Até lá, veremos alianças a serem forjadas e estratégias a serem delineadas.