Startup de capitais chineses envolvida na corrida ao automóvel eléctrico e autónomo do futuro, a Faraday Future (FF) acaba de garantir mais um reforço de peso para a sua estrutura. Desta feita, com a contratação do alemão Ulrich Kranz, responsável máximo pelo desenvolvimento do projecto do carro eléctrico da BMW. O qual, depois de mais de 30 anos ao serviço da marca da hélice, vai passar a dar o seu contributo ao novo player automóvel.

Na FF, Kranz assumirá as funções de responsável máximo pelo desenvolvimento da tecnologia a utilizar pelos futuros carros eléctricos da companhia, nomeadamente pelo seu modelo de estreia – o crossover de luxo FF 91, modelo exclusivamente eléctrico para o qual o fabricante anunciou já uma potência máxima de 1.050 cv. Mas que as dificuldades financeiras em que actualmente parece encontrar-se o principal investidor da Faraday, o gigante chinês LeEco, podem muito bem vir a fazer perigar…

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“Eu não sou uma pessoa que mude muitas vezes de emprego”, afirma Ulrich Kranz, em declarações à Bloomberg, acrescentando saber “que algumas pessoas estarão já a levantar as sobrancelhas”, devido à surpresa que constitui a sua decisão de deixar a BMW. “Mas as pessoas que verdadeiramente me conhecem sabem que sou capaz de assumir riscos.”

No que diz respeito à questão do risco, a surpresa que constitui a mudança de camisola do até aqui responsável máximo pelos eléctricos da BMW resulta, em grande parte, do momento financeiro que a própria Faraday atravessa. Em resultado do qual, aliás, a companhia anunciou já a decisão de colocar de parte a construção de uma fábrica de mil milhões de dólares (cerca de 872 milhões de euros) no Nevada, onde inicialmente planeava produzir os seus primeiros automóveis.

A par deste anúncio, a startup fez saber ainda que vai tentar encontrar outra infraestrutura, capaz de ajudar a acelerar o arranque da produção do FF 91. Isto, depois de, já em Maio último, a Bloomberg ter noticiado a suposta intenção da companhia de encontrar novos investidores e reunir uma soma a rondar os mil milhões de dólares. Também como forma de aliviar o peso do gigante chinês, propriedade de Jia Yueting, na estrutura accionista da FF.

Sem dinheiro, mas apetecível

Apesar do aperto financeiro por que parece passar actualmente, a verdade é que a FF não demonstra dificuldades em atrair novos cérebros para a sua causa. A confirmá-lo, a contratação, ainda antes do anúncio da “transferência” de Ulrich Kranz, de um ex-director financeiro do Deutsche Bank, Stefan Krause, que ingressou na companhia para assumir as funções de responsável máximo pelas finanças (CFO). Cargo que, aliás, hoje em dia, acumula com o de director de Operações.

Recorde-se ainda que, desde o início, na Faraday está Nick Sampson, que fez parte da equipa responsável pelo desenvolvimento do Model S e Model X, tendo trocado a Tesla para assumir o lugar de vice-presidente sénior para a Pesquisa e Desenvolvimento e responsável máximo pelo Desenvolvimento de Produto da FF.

Eu olho não só para o produto, mas também para as pessoas que estão por detrás do produto”, afirma Kranz, assim justificando a sua decisão de abandonar a BMW para ingressar na FF. “Foi por isso que decidi juntar-me [a este projecto] e ajudar a preparar a companhia para o lançamento dos seus futuros produtos.”

A terminar, recorde-se que a startup deu início, em Janeiro último, à aceitação de pré-encomendas para o FF 91, com cada cliente a ter de entregar um sinal de 5.000 dólares (pouco mais de 4.300€) para garantir a reserva. Isto apesar de, ainda hoje, não existir qualquer ideia ou valor aproximado quanto ao preço final que o modelo terá.

Anunciado, até ao momento, foi apenas que o crossover de luxo deverá entrar em produção em 2018.