O secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA de Moçambique (CNCS), uma entidade governamental, Francisco Mbofana, defendeu esta terça-feira à Lusa a “moçambicanização” das mensagens sobre a doença, como forma de conter a propagação.

No nosso plano estratégico, há o princípio da ‘moçambicanização’ das mensagens, não é tradução das mensagens em línguas locais apenas, mas é também fazer enquadramento das mensagens nas práticas socioculturais locais”, declarou Mbofana.

O índice de HIV/SIDA em Moçambique aumentou de 11,5%, em 2009, para 13,2%, em 2015, de acordo com dados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA (IMASIDA) divulgados em março deste ano.

Segundo Mbofana, as mensagens sobre a prevenção e tratamento do HIV/SIDA têm de capitalizar as boas práticas das tradições locais e combater as más, visando melhores resultados na luta contra a doença.

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“Os ritos de iniciação no norte [de Moçambique] são diferentes do sul, é preciso que a nossa mensagem leve em consideração todas essas questões socioculturais”, afirmou o secretário-executivo do CNCS.

A adaptação dos conteúdos das mensagens à realidade local, prosseguiu, passa por mobilizar os padrinhos e madrinhas dos ritos de iniciação, líderes locais, médicos tradicionais e rádios comunitárias.

Francisco Mbofana apontou a descentralização das estratégias de combate ao HIV/SIDA para o nível local como outra abordagem importante para a contenção dos níveis de propagação da epidemia.

Há desafios relacionados com a descentralização da resposta, se quisermos acabar com a doença até ao ano 2030, precisamos de levar a resposta para as famílias, para as comunidades, porque as coisas acontecem lá, acontecem nas comunidades, nas famílias”, frisou Francisco Mbofana.

As estratégias sobre o HIV/SIDA, prosseguiu, têm de alcançar mais segmentos da população moçambicana, mas devem ter maior incidência sobre os grupos mais vulneráveis, nomeadamente as trabalhadoras de sexo, homossexuais, adolescentes e jovens e grupos populacionais de maior mobilidade, como camionistas militares e paramilitares.

“A epidemia é generalizada, temos que atacar como um todo, mas também há que ter em conta grupos particulares, para começar a ver uma mudança significativa”, assinalou Francisco Mbofana.

O secretário-executivo do CNCS assinalou que as mulheres devem merecer uma atenção mais redobrada, uma vez que este grupo continua o mais afetado pela doença em Moçambique.

As mulheres estão numa situação vulnerável, temos que assegurar que ambos os géneros estejam mais ou menos ao menos nível, para que as mulheres possam negociar sexo mais seguro e negociar o uso do preservativo”, realçou.

A proteção da mulher, continuou, passa por proporcionar mais e melhores oportunidades de formação e na economia.

“É preciso trabalhar para reter as raparigas na escola, claramente, podemos ver mudanças substanciais na ocorrência das infeções nas mulheres, porque vão poder ter formação e assim se reduzir o risco de exposição a doenças”, acrescentou o secretário-executivo do CNCS.