O primeiro-ministro, António Costa, reafirmou, esta quarta-feira, que a vontade do Governo passa por revitalizar o território afetado pelos incêndios, perante quatro cidadãos de Cernache do Bonjardim, na Sertã, que manifestaram as suas preocupações.

Um grupo de cerca de 30 pessoas, a maioria de Cernache do Bonjardim, juntou-se esta quarta-feira, com um cartaz onde se lia “Vamos Defender o Pulmão de Portugal”, junto ao Convento da Sertã Hotel, onde o Governo se reúne com os presidentes dos sete municípios afetados pelos incêndios que deflagraram em Góis e em Pedrógão Grande.

Antes de a reunião começar, António Costa deslocou-se até junto de três jovens e uma mulher do grupo para ouvir as suas preocupações, que se prendiam essencialmente com a necessidade de uma maior atenção ao interior, que precisa de investimento e de pessoas.

O primeiro-ministro sublinhou que, para se revitalizar o território afetado pelas chamas, “não basta reordenar a plantação da floresta”.

O projeto-piloto para o território, que vai contar com a instalação da Unidade de Missão de Valorização do Interior em Pedrógão Grande, vai atuar em duas vertentes: “a revitalização económica e social do interior e o reordenamento florestal”, explanou António Costa.

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Só revitalizando este território é que as pessoas se podem fixar e podem cá viver”, defendeu.

“Agora, temos todos o dever de, perante esta circunstância que vivemos, juntarmos todos os esforços e demonstrar que é possível fazer isso”, frisou, considerando que o projeto-piloto que vai ser aplicado nos sete concelhos do Pinhal Interior pode ser depois “replicável para todo o resto do interior”.

Manuel Costa, um dos jovens presentes, sublinhou que o que move o grupo é “a preocupação com o interior”, querendo que o seu futuro passe por esta região.

Apelam bastante ao repovoamento do interior. Achamos que era uma boa altura para pedir que façam isso mesmo, o investimento aqui na zona, não só na agricultura mas em tudo o que envolve o turismo e as atividades económicas que a região move”, afirmou o jovem de 19 anos, dirigindo-se ao primeiro-ministro.

Isabel Martins, presidente da associação de pais do Instituto Vaz Serra, realçou que “parece que há portugueses de primeira e de segunda e o interior parece que está completamente esquecido“.

Antes de falar de reordenamento florestal, há que falar do ordenamento dos territórios. Estão vazios de pessoas e os jovens querem continuar aqui, mas sem os pilares fundamentais como saúde e educação, evidentemente que se vão embora”, constatou Isabel Martins, que vive há oito anos no concelho da Sertã.

Na carta aberta ao primeiro-ministro, entregue pelo grupo e redigida por três jovens, são defendidas várias medidas, tais como o cadastro das propriedades florestais, regras para a plantação do eucalipto, incentivos para a plantação de espécies florestais autóctones, “controlo severo do cumprimento das regras de defesa contra incêndios”, incentivos para “a fixação de jovens no interior” e incentivos fiscais para a atração de empresas para a região.

Na carta, é explicado que este é um grupo de cidadãos, “sobretudo jovens, que se auto designou ‘Movimento Vamos Defender o Pulmão de Portugal'”.

Os incêndios serviram para revelar ao mundo uma região sem futuro”, onde não há “oportunidades para os jovens”, as aldeias estão “paradas, abandonadas ou apenas habitadas por idosos” e onde se encontra “uma floresta omnipresente, mas sem qualquer critério ou ordenamento”, nota o grupo, na carta entregue a António Costa.

Esta quarta-feira, na Sertã, decorre a segunda região com os sete municípios que vão estar integrados no projeto-piloto prometido pelo Governo.

Estão representados na reunião, os municípios de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã.