É estranho e quase provocador: olhar para um cartaz e não reconhecer um único artista. Não é inédito, mas há festivais onde isso acontece com uma regularidade que nos obriga a olhar com olhos de ver. Longe do circuito comercial, o Milhões de Festa continua a ser um dos exemplos mais distintos no panorama dos festivais portugueses dedicados à música independente.

A 10ª edição começa esta quinta-feira em Barcelos, cidade que acolhe o festival desde 2010 — o Milhões (para abreviar) começou no Porto em 2006 e passou por Braga em 2007. Organizado pela editora e promotora Lovers & Lollypops, tem tido um crescimento sustentável e, de acordo com Joaquim Durães, diretor artístico do festival, “é hoje mais do que alguma vez imaginámos que seria”.

O responsável contou ao Observador que este é um festival “que tem derrubado fronteiras, juntando géneros e nacionalidades diferentes. Hoje estamos no ponto em que os géneros se diluem e a festa se faz com uma única língua comum: a música”. É este um dos fatores distintivos do Milhões de Festa, como aqui demos conta, e que ajudou a fazer dele um festival de culto, um evento que continua a ter como prioridade um “cartaz desafiante, arriscado e de qualidade”, como nos explicou Joaquim Durães.

Os horários podem ser consultados neste link

A aposta está ganha e conta com o apoio da cidade do Baixo Minho, que este ano vai voltar a acolher 12 mil pessoas durante um fim de semana. Para uma cidade como Barcelos, o impacto económico é importante, garantiu-nos o diretor artístico do festival: “Quando o comércio e os habitantes abrem braços, ao invés de torcer narizes, é fácil perceber que o festival tem um impacto inquestionável.”

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Culturalmente, também, garante Joaquim Durães: “Barcelos, com a sua história recente no contexto da cena musical independente, tem as condições certas para receber o Milhões de Festa e a massa crítica para garantir presenças de bandas locais sem baixar a qualidade do cartaz”, muito apreciado pelos milhares de forasteiros mas também pelos artistas que, todos os anos, aproveitam para participar nas atividades do festival.

O responsável do festival destaca, este ano, “o concerto dos históricos faUSt, que vão, em residência com os britânicos GNOD, preparar um espetáculo inédito para estrear no Milhões de Festa”. Depois, acrescenta Joaquim Durães, “um dos nossos DJs e produtores preferidos, The Gaslamp Killer, que vai do hip hop à música de dança, com aromas árabes e tropicais, com uma agilidade singular”. Para “manter propósito de ‘derreter fronteiras'”, propuseram ao Duquesa e ao Ra-Fa-El que se juntassem com os Cave Story para apresentarem as canções dos três projetos em conjunto e num único concerto. Finalmente, o programador artístico do Milhões de Festa destaca o regresso dos suecos Graveyard e o set de Hieroglyphic Being, “a testar um PA subaquático no palco Piscina que também vai encher os olhos e os ouvidos”.

O passe geral para o festival custa 60 euros e o bilhete diário 20 euros. O alinhamento completo e horários já estão disponíveis neste link.