O presidente da Associação Nacional de Intermediários da Guiné-Bissau, Nelson Bandica, fez esta quinta-feira um balanço negativo da campanha de caju de 2017, que deverá terminar em setembro.

Para nós, como organização socioprofissional da cadeia do caju, o balanço ainda é negativo”, afirmou Nelson Bandica.

Para o presidente da associação, a campanha de caju é considerada boa quando todos, desde os produtores até aos exportadores ganham dinheiro.

Os agricultores ganharam dinheiro, os comerciantes perderam dinheiro e os exportadores têm problemas para exportar o produto, então para nós a campanha não foi boa”, salientou.

Nelson Bandica alertou também “ainda há muita castanha para exportar, que precisa de sair porque está a perder qualidade”.

Nós não temos condições de armazenamento para guardar a castanha, estamos na época das chuvas e a castanha vai começar a perder qualidade técnica”, acrescentou.

Para já, segundo Nelson Bandica, a preocupação da associação é “tentar agilizar as coisas com o Governo para que a castanha seja exportada o mais depressa possível”.

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Se aquela castanha ficar no país vamos ter dificuldades no próximo ano”, disse.

Para Nelson Bandica, a intervenção política no setor “complicou as coisas”.

Pensamos que vamos chegar a um entendimento com o Governo. Se nós não conseguirmos fazer a exportação, vamos ter dificuldades em fazer a importação e o país perde e a economia fica estagnada”, alertou.

O Governo da Guiné-Bissau abriu oficialmente a campanha de comercialização da castanha de caju, principal produto de exportação do país, em março com a imposição de novas regras, incluindo a proibição da compra do produto por estrangeiros.

A proibição acabou por ser vetada pelo Presidente guineense, José Mário Vaz.

As novas regras impostas visaram também apertar ainda mais o circuito de branqueamento de capitais, com a obrigação dos operadores económicos fazerem as transações através dos bancos.

O lema da campanha deste ano foi “tolerância zero à saída clandestina do caju guineense para o exterior”.

Dados do governo apontam que 50 mil toneladas da castanha saem da Guiné-Bissau através do circuito do contrabando para países vizinhos. O governo quer exportar pelo menos 200 mil toneladas do caju este ano.