A greve dos trabalhadores da PT Portugal arranca à meia-noite desta sexta-feira, com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Portugal Telecom na expetativa que tenha “uma forte adesão”.

Os sindicatos afetos à PT e a Comissão de Trabalhadores convocaram a greve em protesto contra a transferência de 155 trabalhadores da operadora de telecomunicações para empresas do grupo Altice e Visabeira.

“A expetativa de adesão é alta”, disse hoje à Lusa o presidente do sindicato, Jorge Félix, que sublinhou que esta greve tem o apoio de todos os Órgãos Representantes dos Trabalhadores (ORT).

Em declarações à Lusa, o dirigente sindical disse que “há um enorme desespero e revolta”, salientando que os trabalhadores duvidam da “capacidade económica e financeira no futuro” das empresas para os quais vão ser transferidos 155 trabalhadores, e “até da sustentabilidade em pagar os salários” daqueles funcionários.

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“Esta situação de revolta e protesto poderá permitir uma forte adesão”, disse, esperando que possa resultar na “maior greve da história da Portugal Telecom”.

A última greve dos trabalhadores da operadora de telecomunicações aconteceu há mais de 10 anos.

Em declarações à Lusa esta semana, fonte oficial da PT Portugal disse que a empresa já ativou os “devidos planos de contigência”. A Lusa questionou que planos são esses, mas até à data não obteve qualquer resposta.

O grupo Altice, que anunciou em 14 de julho que chegou a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, numa operação avaliada em 440 milhões de euros, adquiriu a PT Portugal há dois anos.

Pelas 13:30, os trabalhadores da PT Portugal provenientes de todo o país vão concentrar-se em Picoas, junto à sede da empresa, explicou Jorge Félix, adiantando que depois irão em marcha até à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa.

“Esperamos que o primeiro-ministro possa receber-nos”, já que os trabalhadores, tendo em conta as declarações recentes do governante sobre a empresa, pretendem sensibilizar António Costa para que “atue junto da administração da Altice para que pare o processo” de transferência de trabalhadores para outras empresas (a chamada transmissão de estabelecimento, em termos jurídicos).

Em 12 de julho, no debate sobre o estado da Nação, na Assembleia da República, após questões colocadas pelos deputados, António Costa afirmou: “Receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização [pelo anterior governo] possa dar origem a um novo caso Cimpor, com um novo desmembramento que ponha não só em causa os postos de trabalho, como o futuro da empresa”.

Isto porque apesar do secretário de Estado do Emprego ter afirmado na quinta-feira, no parlamento, que “está já em curso uma ação inspetiva” desencadeada pela Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) sobre o processo de transferência de trabalhadores da PT Portugal para outras empresas, os trabalhadores consideram que a entidade não vai conseguir resolver o problema.

Em 30 de junho foi tornado público que a PT Portugal iria transferir 118 trabalhadores para empresa do grupo Altice – Tnord e a Sudtel – e ainda para a Visabeira, utilizando a figura de transmissão de estabelecimento, cujo processo estará concluído no final deste mês.

Antes, no início de junho, a operadora, comprada pelo grupo francês Altice há dois anos, tinha anunciado a transferência de 37 trabalhadores da área informática da PT Portugal para a Winprovit.

No total são 155 trabalhadores afetados, sendo que também existem cerca de duas centenas de trabalhadores da operadora que neste momento se encontram sem funções na empresa.