O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou, esta quarta-feira, em entrevista ao The New York Times, que nunca teria nomeado Jeff Sessions como procurador-geral caso soubesse que ele pediria escusa na investigação à suposta ingerência russa nas eleições norte-americanas. E acrescentou que essa decisão foi “extremamente injusta” para o Presidente. A opção de Sessions teve como consequência a nomeação de um procurador especial, o ex-diretor do FBI Robert S. Mueller, que é visto como alguém imune a pressões da Casa Branca.

“Sessions nunca se deveria ter pedido escusa, e se fosse para fazer isso, deveria ter-me dito antes de aceitar o cargo e eu teria escolhido outra pessoa”, afirmou Donald Trump.

Jeff Sessions aceita o cargo, assume o cargo, e pede escusa, o que, francamente, considero muito injusto para o Presidente”, acrescentou Trump. “Como pode aceitar um cargo e depois pedir escusa? Se ele me tivesse dito antes de aceitar o cargo, eu teria dito ‘Obrigada, Jeff, mas não te vou nomear’. É extremamente injusto — e é uma palavra suave — para o Presidente”, rematou.

Trump criticou ainda as declarações de Sessions no Senado, quando este afirmou não ter tido conversas com os russos, depois de terem sido noticiados pelo menos dois encontros entre o procurador-geral e o embaixador Sergey I. Kislyak. “Jeff Sessions deu algumas respostas más”, afirmou o Presidente norte-americano.

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No mês passado, perante o Comité dos Serviços de Inteligência do Senado — que investiga a alegada ingerência russa nas eleições — Jeff Sessions disse que é “uma mentira descarada e detestável” que tenha conspirado com o Governo russo para influenciar as eleições de 2016.

O The New York Times contactou o porta-voz de Jeff Sessions, que se recusou a comentar as declarações de Donald Trump.

Foi no passado mês de março que o procurador-geral norte-americano Jeff Sessions pediu escusa das investigações que estão a decorrer a propósito da alegada interferência russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, depois de o Washington Post ter avançado que o homem que lidera o departamento de Justiça norte-americano tinha tido duas reuniões com o embaixador russo Sergei Kislyak, durante a campanha às presidenciais norte-americanas, ao contrário daquilo que afirmou sob juramento.

Quando anunciou o pedido de escusa, o procurador-geral dos EUA voltou a afirmar que nenhuma das reuniões que teve com o embaixador incidiu sobre a campanha presidencial. As reuniões privadas com o embaixador russo ocorreram enquanto era senador pelo estado do Alabama.

Ainda na mesma entrevista, Trump disse que o ex-diretor do FBI, James Comey, se tentou aproveitar deste assunto para manter o seu emprego e falou ainda em conflitos de interesse na nomeação do conselheiro especial Robert Mueller, antigo diretor do FBI que foi nomeado pelo Departamento de Justiça para dirigir as investigações sobre a alegada ingerência russa nas eleições norte-americanas.