Três pessoas morreram, várias ficaram feridas e pelo menos 82 foram detidas, entre elas um luso-descendente, pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), naquele que é tido como o dia de maior repressão contra opositores na Venezuela.

Uma das vítimas foi identificada como Andrés Uzcátegui e morreu, segundo diversas fontes, de um tiro no peito, quando a GNB reprimia uma manifestação opositora em La Isabelica, Valência, a 150 quilómetros a oeste de Caracas. No mesmo lugar, quatro outras pessoas ficaram feridas, entre elas Robert Lugo, que também recebeu um tiro no peito e se encontra internado numa clínica local, em estado considerado grave.

Em Los Teques (sul de Caracas), uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas, quando a GNB e “coletivos” (motociclistas armados, paramilitares afetos ao regime) vestidos de preto entraram numa zona residencial em Santa Eulália, a disparar. Ronney Tejera (24 anos de idade) morreu e entre os feridos estão dois irmãos da vítima.

Em La Victoria, a 100 quilómetros a oeste de capital, Juan Moleiro morreu na sequência de um ataque cardíaco ocorrido quando a GNB lançou uma granada de gás lacrimogéneo para dentro da sua residência.

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Existem registos de pelo menos 72 detidos ao longo do país, entre eles o luso-descendente Edwin António Teixeira Rodrigues (26 anos) em El Paraíso, Caracas, localidade onde oficiais da GNB e “coletivos” atacaram com tiros de balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo vários edifícios residenciais onde vivem pessoas que participaram na greve-geral convocada pela oposição.

Também em Caracas, a GNB reprimiu a população por ter colocado bloqueios nas ruas, em Caricuao (uma zona do oeste tradicionalmente afeta ao chavismo) e nas localidades de Baruta (suldeste).

Em Los Ruices, no leste da capital, há registos de fortes ataques das forças de segurança contra edifícios de apartamentos, tendo partido vidros de janelas e também de viaturas estacionadas nas proximidades do canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV).

Uma esquadra policial foi incendiada por populares, depois de a GNB e civis lançarem tiros contra manifestantes, desde o terraço de VTV. Por outro lado, em La Califórnia, no leste de Caracas, a GNB atacou várias casas com gases lacrimogéneos e disparou tiros de balas de borracha para dispersar manifestantes.

Na auto-estrada Francisco Fajardo, um grupo de 40 polícias revistaram a viatura do tio do deputado opositor Carlos Paparoni e, segundo o próprio, a viatura, propriedade do parlamentar, foi colocada numa grua.

Em Palo Verde e Petare (leste), a GNB usou viaturas militares, tiros de balas de borracha e gases para impedir que a população se manifestasse.

Pelo menos dois jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança. Jesus Abreu de Analítica foi detido, golpeado com um capacete e obrigado a apagar as fotos da câmara fotográfica e do telemóvel.

Ao serviço da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática, Héctor Caldera denunciou que foi detido e que a sua situação “piorou” depois de identificar-se como jornalista e que foi golpeado com uma pistola, principalmente na cara. O operador de câmara Jhonattan Bello foi assaltado por “coletivos” que lhe roubaram a câmara de vídeo, em Los Ruices.

Uma equipa da Vivoplay (canal de tv online) foi atacada com garrafas por simpatizantes do regime, que os impediram de cobrir uma manifestação na Avenida Rómulo Gallegos.

A jornalista Elizabeth Ostos, de El Pitazo, e Rafael Hernández, correspondente em Caracas de NTN24 (canal de televisão colombiano), foram impedidos de cobrir os acontecimentos.

As manifestações contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 1 de abril, havendo denúncias de uma cada vez maior repressão das forças de segurança. Desde então, pelo menos 97 pessoas morreram.