A venda de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) à banca comercial voltou a descer na última semana, 21% face à semana anterior, para 173,5 milhões de euros, mas garantindo operações das companhias aéreas pela terceira semana consecutiva.

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, entre 17 e 21 de julho, e surge após os 221,6 milhões de euros e 236,4 milhões de euros disponibilizados nas duas semanas anteriores.

Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas vendidas – mantêm-se exclusivamente em euros há mais de um ano -, equivalentes a 193,9 milhões de dólares, cobriram as necessidades do setor petrolífero (53,7 milhões de euros), bem como operações com cartas de crédito asseguradas pelo BNA (61,2 milhões de euros) para atender as necessidades dos setores da Indústria, Pescas, Saúde e importação de bens alimentares.

As companhias aéreas, que se queixam de perto de 500 milhões de dólares em depósitos em moeda nacional por repatriar para os países de origem, receberam na última semana mais 8,9 milhões de euros em divisas.

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A portuguesa TAP (com 100 milhões de euros retidos) ou a Emirates (que reduziu este mês ligações para Luanda devido a esta conjuntura), são dois exemplos dessas queixas.

Nas duas semanas anteriores, as transportadoras aéreas já tinham recebido 37,9 milhões de euros em divisas vendidas pelo BNA.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, manteve-se inalterada nos 166,744 kwanzas por cada dólar e nos 186,298 kwanzas por cada euro, praticamente sem mexidas há mais de um ano.

No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 390 kwanzas.

Angola enfrenta desde finais de 2014 uma crise financeira e económica, com a forte quebra das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

Esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando nomeadamente as importações.

Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA, no caso euros, como explicou em abril o governador do banco central.

Não poderíamos ter o azar de os bancos correspondentes deixarem de fazer operações em euros. E havia este risco. Já perdemos as operações em dólares. Se perdêssemos as operações em euros era uma catástrofe para Angola, porque Angola deixaria de importar medicamentos, alimentação e todos os outros produtos necessários”, disse Valter Filipe.