Diana morreu a 31 de agosto de 1997 e a proximidade dos 20 anos do fatídico acidente no túnel da Pont de l’Alma, em Paris, tem funcionado como gancho para a revelação de imagens e testemunhos inéditos, sobretudo tendo como protagonistas os filhos, William e Harry. Exemplo: num documentário da ITV, os príncipes contam que ainda sentem remorsos por se terem apressado a terminar o último telefonema com a mãe e revelam fotos inéditas. Foi assim aberta uma porta sobre as memórias da princesa de Gales, e agora surgiu agora uma nova janela. E como todas as moedas têm sempre duas faces, o Channel 4 está a preparar um trabalho com “gravações dinamite” de Diana com o seu professor de voz e dicção.

William e Harry lamentam última conversa telefónica, apressada, com a mãe

Família real revela fotos exclusivas de Diana (e uma delas foi tirada por William aos 3 anos)

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O casamento com o príncipe Carlos, a sua vida sexual e o caso do marido com Camilla Parker Bowles são alguns dos assuntos polémicos que virão agora a público. Mas estas gravações, por si só, já são uma história: foram roubadas, capturadas pela polícia, proibidas de serem utilizadas, alvo de disputa em tribunal. E, em breve, serão tornadas públicas.

Como recorda o Telegraph, as gravações nunca foram feitas para posterior transmissão em termos públicos mas, desde a morte da princesa de Gales, têm sido alvo de longas batalhas legais e acusações de traição. A família de Diana sempre insistiu que essas filmagens lhe pertenciam, mas as mesmas foram devolvidas a Peter Settelen, o professor de dicção da princesa nos anos de 1992 e 1993, em 2004. Mas qual é o verdadeiro interesse nas mesmas? É que, além das técnicas próprias que Diana ia aprendendo para receções de Estado e demais assuntos da Família Real, ficaram também registados os estados de alma da princesa em alguns dos períodos mais complicados da relação com Carlos.

“O dia do casamento foi o pior da minha vida”, assume, ao mesmo tempo que sugere que um dos membros do Grupo de Proteção Real e Diplomática (Royal Protection Officers) – alegadamente Barry Mannakee, com quem se diz ter mantido uma relação – terá sido “empurrado” de forma propositada no acidente de viação que o vitimou.

Essas gravações andaram perdidas durante algum tempo, mas foram descobertas em 2001, no seguimento de um raide policial, na casa de Paul Burrell, antigo mordomo da Família Real. No entanto, o seu conteúdo era tido na altura como algo tão sensível que não foi utilizado durante o processo. Em 2004, a NBC utilizou algumas dessas filmagens feitas no Palácio de Kensigton num documentário transmitido nos Estados Unidos, mas em assuntos pouco ou nada polémicos; no Reino Unido, continuava como assunto tabu. Até agora.

Em 2007, a BBC chegou a ter preparado um documentário com algumas dessas gravações polémicas, produzido por Kevin Sim, mas o projeto acabou por ser arquivado (tinham sido investidas 30 mil libras em alguns minutos desses vídeos, num total de 100 mil libras de orçamento total); agora, o mesmo Sim está à frente do documentário “Diana, nas suas próprias palavras” que será passado no Channel 4. “Como os príncipes estão a falar sobre isso, foi considerado mais normal o seu lançamento. Há um ponto em que algo se torna historicamente interessante, pelo que decidimos deixar o material falar por si”, revelou uma fonte do canal à publicação.

Numa das revelações já conhecidas, Diana conta que ela e o Carlos encontraram-se apenas 13 vezes antes de casarem. “Ele ligava-me todos os dias durante uma semana e depois não falava comigo durante três semanas. E a emoção com que me ligava era algo imenso e intenso”, conta a princesa de Gales numa das conversas.

“Se pudesse escrever o meu próprio guião, colocaria o meu marido a ir embora com a sua mulher e a nunca mais voltar”, acrescenta entre muitas outras revelações feitas a Peter Settelen, professor que lhe foi recomendado por amigos numa altura onde pretendia mudar a sua imagem no seguimento do divórcio com Carlos.

“Combinado com contexto histórico e entrevistas com alguns dos seus confidentes mais próximos, o filme dá um retrato multifacetado sobre a mulher mais famosa do mundo e a mãe que moldou a futura linha da família real. O filme irá colocar a nação a refletir sobre a sua vida e morte. É um importante contributo histórico”, explicou Ralph Lee, responsável da Channel 4, sobre o documentário com pouco menos de duas horas.