A mãe de Charlie Gard, um bebé britânico de 11 meses em estado crítico devido a uma doença genética rara, apelou esta terça-feira a um juiz para que este autorize a criança a morrer em casa, e não num hospital.

Os advogados da família do bebé e os representantes legais do hospital onde está a ser tratado compareceram esta terça-feira no Tribunal Superior de Londres, um dia depois de os pais de Charlie terem anunciado que iriam desistir da batalha legal que estavam a travar para que este pudesse receber tratamento experimental.

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Grant Armstrong, defensor dos pais de Charlie, disse ao juiz que a família já discutiu com o Hospital Great Ormond Street sobre a possibilidade de enviar o bebé para casa, mas que surgiram obstáculos, com o hospital a sugerir outras opções.

Os representantes legais do hospital dizem que os médicos querem garantir que a criança está a salvo e que pediram um mediador. Os pais de Charlie recusaram.

Na segunda-feira, os pais de Charlie – Chris Gard e Connie Yates – renunciaram à batalha judicial em que contestavam a decisão do hospital de não autorizar que o filho fosse transferido, para ser submetido a um tratamento experimental nos Estados Unidos ou em Itália.

“É a coisa mais difícil que alguma vez tivemos de fazer”, mas “decidimos deixar partir o nosso filho”, declarou, em lágrimas, a mãe da criança, Connie Yates, numa declaração em frente ao Tribunal Superior de Londres.

Charlie sofre de um problema de escassez de ADN mitocondrial, uma doença rara que retira ao corpo a capacidade de dar energia aos músculos, já que afeta as células responsáveis pela produção de energia e respiração.

A luta judicial começou em abril, quando o hospital londrino de Great Ormond Street tomou a decisão de desligar a ventilação artificial do bebé. Os pais travaram a medida recorrendo à justiça, mas o Tribunal Superior de Londres deu razão aos médicos, uma decisão confirmada pelo tribunal de recurso, o Supremo britânico e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a 27 de junho.

No entanto, após a mobilização de organizações cristãs e a intervenção direta do Papa Francisco e do Presidente norte-americano, Donald Trump, em favor dos pais, o hospital pediu uma nova audiência no Tribunal Superior, para examinar novos elementos “para um tratamento experimental” em dois hospitais: um nos Estados Unidos e outro em Roma.

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