O Comando Zamora 200, controlado pelo Governo venezuelano, anunciou que receberá, através de mensagens de texto, denúncias de pessoas que se afirmem impedidas de votar no domingo para a Assembleia Constituinte devido a protestos da oposição. Esses cidadãos, garante o Zamora 200, serão ajudados a chegar às mesas de voto.

O líder do chamado Comando Zamora 200, Jorge Rodríguez, indicou, numa conferência de imprensa, que o número para canalizar estas denúncias será revelado nas próximas horas e que o objetivo é garantir o direito de voto que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, está ameaçado por setores “antidemocráticos”.

“Por exemplo, nas urbanizações do leste de Caracas [bastião da oposição], se não lhes permitirem sair de casa, que nos informem para que possamos denunciar e atuar de forma a que todos tenham o direito de votar”, disse o também presidente da autarquia de Libertador, em Caracas.

Este domingo serão eleitos, sob fortes medidas de segurança e a rejeição da oposição e de parte da comunidade internacional, os 545 representantes que integrarão a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), um órgão que terá poderes ilimitados para reformar o Estado e criar uma nova Constituição.

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A coligação opositora, Mesa da Unidade Democrática (MUD), negou-se a participar neste processo, que considera fraudulento e que vê como uma intenção do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de “consolidar uma ditadura”.

Além disso, críticos da ANC consideram que a convocatória da sua eleição é ilegal por não ter sido realizado um referendo prévio para decidir a sua aprovação, como ocorreu em 1999 quando foi aprovada a atual Carta Magna, impulsionada pelo então recém-eleito Hugo Chávez (1999-2013).

No entanto, Maduro, o primeiro Presidente chavista da Venezuela, garante que com este mecanismo será possível alcançar a paz no país, que tem sido palco, nos últimos quatro meses, de uma onda de protestos que já causou cerca de 110 mortos, centenas de feridos e quase 5.000 detidos.

A procuradora-geral, Luisa Ortega, classificou a Constituinte como “desnecessária”, considerando que criaria um “sistema totalitário” e porque, na sua opinião, 90% da população recusa a alteração constitucional.

Em resposta, Rodriguéz afirmou hoje que os chavistas preveem uma elevada participação nesta votação, que decorre este domingo, enquanto os opositores deverão concentrar-se nas principais ruas da Venezuela para exprimir a sua rejeição.

Contudo, o porta-voz chavista acredita que “muitos” opositores irão às urnas para expressar um “voto de castigo” aos dirigentes da MUD, que acusa de promoverem a violência que se gerou com a onda de protestos.