Sete jornalistas e funcionários do jornal turco Cumhuriyet saíram esta madrugada da prisão de Silivri, em Istambul, pouco depois de um juiz decretar a liberdade condicional dos acusados, informou hoje o próprio jornal.

“Estivemos presos nove meses injustamente, de forma ilícita e com acusações infundadas, separando-nos dos nossos entes queridos. Os nossos advogados disseram que foi uma prisão arbitrária”, declarou o cartoonista Musa Kart, depois de sair da prisão.

“Não posso dizer que estou contente porque quatro dos nossos amigos continuam na prisão”, acrescentou.

Ainda estão presos o editor-chefe da publicação, Murat Sabuncu, e os jornalistas Ahmet Sik, Akin Atalay e Kadri Gürsel.

No total, 19 trabalhadores do Cumhuriyet, o jornal mais antigo e prestigiado do país, enfrentam penas de cinco, oito e 43 anos de prisão, a maioria por acusações de “colaborar com organizações terroristas, sem serem membros”.

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A acusação atribui-lhes vínculos tanto com a guerrilha curda do PKK, como com grupos extremistas, sobretudo relacionados com o religioso Fethullah Güllen, a quem o Governo turco responsabiliza pelo golpe de Estado falhado do verão passado.

O ex-redator-chefe do jornal Can Düdar, está a ser julgado à revelia porque se encontra exilado na Alemanha.

“O Cumhuriyet lutou contra os partidários de Güllen durante 40 anos. Todo mundo já viu isso”, assinalou Hakan Kara depois de sair da prisão.

Na sexta-feira, o tribunal também aceitou uma denúncia da Procuradoria contra um outro jornalista, Ahmet Sik, preso há 220 dias.

Segundo dados da Plataforma para o Jornalismo Independente (P24), com a libertação dos sete funcionários do Cumhuriyet, restam ainda 162 jornalistas em prisão preventiva na Turquia.