O secretário de Relações Internacionais do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) considerou hoje que a “fuga em frente” do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao não desconvocar as eleições para uma nova Assembleia Constituinte, leva o seu país ao “precipício”.

Em comunicado, Héctor Gómez denunciou a “irresponsabilidade” de Maduro por manter a convocatória para as eleições de hoje (para eleger os novos membros de uma Assembleia Constituinte que depois vão reescrever a Constituição) e fez um apelo “à calma, para que a jornada de hoje não volte a acabar em tragédia”.

Para o responsável do PSOE, estas eleições “não contam com nenhuma legitimidade democrática, porque quebram o princípio do voto universal”. Por outro lado, acusou, também “subvertem a própria Constituição Bolivariana, além de carecer de apoio da comunidade internacional”.

“Como se isto fosse pouco, esta votação não é outra coisa que não um ato de piromania política, irremediavelmente condenado a agudizar o conflito, se é que isso é possível, numa sociedade já de si extremamente polarizada e que, só nos últimos meses, leva às costas mais de 100 mortos”, acrescentou.

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Gómez recordou que é fundamental que o governo de Maduro “restitua todos os poderes da Assembleia Nacional, liberte todos os presos políticos e estabeleça um calendário eleitoral o quanto antes”.

A convocatória para a Assembleia Constituinte foi feita a 01 de maio pelo Presidente, Nicolás Maduro, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos.

Ao convocar as eleições, Maduro alterou a forma de votação e as circunscrições por forma a que as zonas rurais (nas quais o regime tem mais apoio) tenham mais poder de voto que, por exemplo, a capital Caracas (onde o anti-chavismo é mais forte). Também proibiu candidaturas apoiadas por partidos (ainda que muitos dos candidatos provenham dos partidos que apoiam o governo) e a organizou a constituição do futuro órgão de forma a que este venha a ser composto por organizações que o regime apoiou diretamente ao longo dos anos.

A oposição venezuelana, que decidiu não participar nas eleições, acusa Nicolás Maduro de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano, adiar as eleições e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.