A popularidade de Emmanuel Macron continua a cair. Menos de três meses depois de ter vencido Marine Le Pen, de forma convincente, na segunda volta das eleições francesas, uma nova sondagem do YouGov mostra que só 36% dos eleitores têm uma visão favorável sobre o Presidente francês, uma queda de 7 pontos em apenas um mês.

Com o eleitorado sobretudo preocupado com o desemprego, tal como antes das eleições, poderá não ter caído bem junto do eleitorado a proposta de maior flexibilidade nas leis laborais que Macron conseguiu aprovar no Senado francês. Isto apesar de Macron ter concorrido sobre uma plataforma de reformas na economia francesa, para a tornar mais competitiva. Medidas semelhantes levaram, recorde-se, a grandes manifestações contra Hollande, na fase descendente da sua governação.

Macron terá, também, sido penalizado por medidas que vão reduzir os apoios públicos à habitação e, no mesmo setor, o presidente francês foi criticado pela temporização de medidas de alívio fiscal para os inquilinos, no mercado de arrendamento. Também não terá ajudado à popularidade de Macron os escândalos financeiros que envolvem membros do seu governo (alguns dos quais já se demitiram).

O presidente francês ganhou, também, uma imagem de controlador quando se envolveu num confronto público com o líder das Forças Armadas, por causa dos cortes no orçamento da Defesa. Macron tem, por um lado, aprovado cortes de impostos que a oposição diz favorecerem os ricos e, por outro, decidiu bloquear uma venda de um porto marítimo que era propriedade de uma empresa sul-coreana, nacionalizando-o de forma temporária, criando um conflito com Itália, e justificando a decisão com o desejo de proteger os postos de trabalho.

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A sondagem foi feita através da internet, na última semana de julho, entrevistando um pouco mais de 1.000 pessoas (franceses adultos). Tal como Macron, também o primeiro-ministro Edouard Philippe está a cair nas sondagens — e é, mesmo, mais bem visto do que Macron.

Não parece estar a ajudar muito o facto de Emmanuel Macron ter passado boa parte dos dias, nas últimas semanas, em encontro com estrelas da música pop como Bono, vocalista dos U2 e ativista político, e Rihanna. O ponto mais positivo para Macron é que 49% dos franceses acreditam que o governo “está disposto a fazer reformas impopulares que sejam boas para o país” — exatamente aquilo que Macron acredita estar a fazer.

Quando Nicolas Sarkozy tinha o mesmo tempo de governação, tinha uma popularidade de 66%, o dobro de Macron. Também na mesma altura, Hollande tinha 56% e Miterrand 48%. No regresso de férias de verão, será hora de aprovar o Orçamento do Estado para o próximo ano, como acontece em todos os países da União Europeia, o que poderá agravar ainda mais a queda de popularidade de Emmanuel Macron.