Um discurso anti-diversidade no trabalho, feito por um funcionário da Google, foi revelado na empresa e originou várias críticas internas e externas. O autor do memorando, um engenheiro sénior de software, argumentou que a falta de mulheres em trabalhos de alta tecnologia deve-se a diferenças biológicas entre sexos, segundo a BBC.

A nota, descrita como “sexista” pela imprensa americana, reacendeu o debate sobre a existência de uma “cultura machista e de assédio” no ramo da tecnologia, amplamente dominado pelo sexo masculino. De acordo com este profissional, cuja identidade não foi revelada, as aptidões naturais levam os homens a ser programadores de computador, enquanto que as mulheres são mais “de sentimentos e ideias estéticas”, que as leva a escolher carreiras no domínio “social e estético”.

“Temos de deixar de assumir que as lacunas entre género são sexismo”, disse o engenheiro no seu discurso, que foi publicado na íntegra no site Gizmodo. Para além da reação interna, as declarações provocaram também indignação generalizada na internet. Muitos dos comentários eram dos próprios funcionários da Google que levaram o assunto para o Twitter.

“O artigo interno da Google é um reflexo de uma larga cultura, não é uma opinião única. É apoiado publicamente por muitas pessoas da empresa. Levanta-se a questão: quantas pessoas apoiam/concordam em privado?”, escreve uma funcionária.

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A publicação provocou resposta imediata do novo chefe da diversidade da Google, Danielle Brown, que disse que o “debate quente” sobre o assunto a “obrigou” a dizer algumas palavras. Num comunicado interno disse que o artigo era “não um ponto de vista” que ela ou a empresa “apoie, promova ou encoraje”. “A nossa convicção é que a diversidade e a inclusão são fundamentais para o sucesso como empresa, e continuaremos a defender isso a longo prazo”, disse.

Os casos de sexismo ou de discriminação sexual nas empresas tecnológicas têm sido amplo tema de debate. Recentemente, numa entrevista ao Observador, Monique Woodard — investidora na 500 Startups, uma das principais aceleradoras e fundos de investimento de Silicon Valley, que nas últimas semanas tem estado em destaque na imprensa internacional devido às denúncias de assédio sexual contra o seu presidente executivo, Dave McClure — falou abertamente sobre uma cultura sexista que resiste em Silicon Valley.

“Não vai ser fácil acabar com o assédio sexual nas tecnológicas”